domingo, 13 de setembro de 2015

"Povo sem virtude acaba por ser escravo"

Semana passada, conversando com um amigo, esse recordava que certo acadêmico havia escrito que a maneira mais fácil de dominar um povo é aculturando-o. Tal prática pode dar-se ou pela imposição de uma nova cultura ou minando-se a cultura já existente. Hoje me deparo com um texto, compartilhado por alguns antigos professores, de autoria de Juremir Martins no qual ele discorria sobre a "farsa" da Revolução Farroupilha e criticava arduamente os festejos da Semana Farroupilha. Ora, não há aí outra coisa se não uma crítica ácida e desconstrutiva à qual não identifico outra intensão que a de apagar os costumes tão sólidos de um povo em detrimento das crenças e ideologias do próprio colunista.

A cultura de nosso Estado é fortemente ancorada no movimento Farroupilha, nos valores por ele defendidos; no ideal democrático e mesmo liberal que esse representou. A Semana Farroupilha comemora a lembrança de que um "povo que não tem virtudes acaba por ser escravo". Lembra-nos dos costumes do homem do campo e da altivez do povo gaúcho que não aceita que lhe pisem no pala.

A Revolução Farroupilha pode ter sido começada pelos fazendeiros e charqueadores, mas isso não a diminui ou desmerece. Mas, vindo de um jornalista medíocre como Juremir Martins, não se poderia esperar outra coisa.

E, por favor, jamais nos esqueçamos do real significado desse trecho de nosso amado Hino: "Povo que não tem virtude acaba por ser escravo". Não permitamos que nos diminuam, que desfaçam de nossos costumes. Nossa cultura é ser gaúcho, mesmo que nem todos usem pilcha, que entendam do campo ou falem "à moda da casa"; ser gaúcho é muito mais: está na têmpera dos homens e mulheres que nascem e crescem neste chão. Nossa cultura é nossa identidade! Sem identidade quem seriamos? E, mais importante, a quem e com qual propósito interessa apagar nossa identidade?


"Mostremos valor constância, nesta ímpia injusta guerra...".

Farias, M.S.







segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Hino da Independência (Hino do Império do Brasil).

"Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

"Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

"Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.


"Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

"Não temais ímpias falanges,
 Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

"Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

"Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

"Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil".






***


Hoje, em meio a tamanho caos na política de condução do Brasil, parece-me, mais que nunca, deveríamos aproveitar a data em que se comemora a Independência para contemplar as virtudes de nosso povo, de nossa terra; refletirmos sobre aquilo que queremos ser e aquilo que somos. O quanto de colonial reservamos em nossos modos toda vez que, de alguma forma, suscitamos que nada no Brasil poderá dar certo em função de seu povo (os políticos são povo!)? E, em contraparte, enaltecemos a grandeza de alhures como que se precisando de um líder. Isso é pensar como dependente.

As coisas vão mal, é fato. Mas as datas em que celebramos a República são outras. É nessas ocasiões que deveríamos protestar, porém cientes de nosso potencial enquanto povo livre e senhor desta terra, "[...] Boa terra! [que ] jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha..." (BILAC, s.d.).

Enquanto não formos capazes de reconhecer o imenso potencial de nosso país e de nós brasileiros, todos os protestos serão gritos de pouco eco, pois o problema não está em outro lugar senão no povo descrente de si e de seu Brasil.

"Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
"[...]
"Quem com seu suor a fecunda e umedece,
vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!" (Olavo Bilac, "A Pátria").

Farias, M.S.
 
Licença Creative Commons
Diálogo Livre de Farias, M. S. et alia é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Baseado no trabalho em livredialogo.blogspot.com.br.
Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponível em discente.farias@gmail.com.