A importância de conhecermos culturas diferentes da nossa. Quando nos permitimos limitar por um único conjunto de ideias, certamente deixamos de contemplar a beleza contida na diversidade cultural, é algo semelhante ao que ocorre no “Mito da caverna”, de Platão. Ao nos dispormos estudar outras culturas, depreendê-las, adquirimos maior capacidade de compreensão da realidade ao nosso entorno, como também ampliamos nossas habilidades de comunicação.
Normalmente, levamos pela vida inteira os conceitos e valores que aprendemos no âmbito familiar e que adquirimos durante nosso processo de formação crítico, dentre a infância e a adolescência. Estes conceitos e valores, evidentemente, estão alicerçados sobre nossas convenções culturais. Ao nos depararmos com ideias distintas, não raro há forte inclinação de agirmos intolerantemente. No “Mito da caverna”, Platão fala sobre indivíduos que passam a vida, geração após geração, acorrentados no interior de uma escura caverna, onde apenas alguns poucos raios de sol entram graças a uma pequena fenda, projetando sombras, abstrações do mundo exterior; os íncolas da caverna pensam que as pessoas do lado de fora são monstros, com anatomia muito distinta da sua. Eis que, um belo dia, alguém consegue escapar da caverna e contemplar a verdade, fica primeiro confuso, espantado, mas se adapta; decide, pois, retornar e instigar os seus a saírem de lá. É desacreditado ao contar o que viu, insiste, e acaba morto. Quando conhecemos outras culturas, com outros hábitos, outras ideias, é como que sairmos de nossas “cavernas” e vislumbrarmos a verdade, ou antes, nos aproximarmos dela; implica em nos desvencilharmos dos grilhões da ignorância, do preconceito, proporcionando uma melhor compreensão da realidade, do mundo à nossa volta.
Ao “abraçarmos” culturas diferentes colocamos em questão nossas verdades, passamos a compreender outras ideologias, outras formas de pensar que, em um primeiro momento, nos pareceriam absurdas; por exemplo, as superstições hindus; a culinária japonesa; a hierarquia e os costumes sociais de alguns países do Oriente Médio, onde a mulher ainda é tratada iniquamente – como bem expõem Åsne Seierstad em “O livreiro de Cabul” – et reliqua. Observar, comparar esses costumes aos nossos faz refletir sobre o quão aprazível ou desprezível podem ser aspectos de nossa cultura, de nosso próprio comportamento e mesmo sugerir uma mudança comportamental, uma evolução do espírito. Aliás, aprender significa mudar e isso nos permite uma melhor capacidade de comunicação, pois passamos a explorar a expressividade não apenas de nosso próprio idioma como o de outra cultura. Incorporamos ao uso da linguagem conceitual e visual elementos mais expressivos, mais abrangentes, agravamos nosso senso crítico, passamos a interpretar melhor fatos e circunstâncias. Adquirimos a capacidade de nos comunicarmos com o mundo, em diferentes níveis intelectuais, culturais e sociais. Dominar um segundo idioma é também produto ou meio de se conhecer outra cultura.
Farias, M. S. "Transcender é possível...". Abril de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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