Acho
curioso como algumas pessoas negam o livre arbítrio. Dizem-se, por exemplo, que
as cartas de azar destroem famílias e fortunas, que as armas matam, que a
bebida desgraça, que as redes sociais destroem relacionamentos... Ora, e quanto
aos que manejam tudo isso? A responsabilidade inerente às escolhas, ao descuido
das pessoas é amiúde repassada à coisas inanimadas ou mesmo imateriais.
Assim
também ocorre na política. Queixamo-nos da corrupção, mas não da nossa,
evidente: da corrupção dos políticos que elegemos! E, francamente, qual outro
critério a maioria dos eleitores utiliza se não os benefícios particulares que
espera lograr votando neste ou naquele candidato daquele ou deste partido? A
intensão do voto deveria ser um ato de cidadania, de civismo, não cinismo.
Qual
a diferença entre as pequenas trapaças e corruptelas que praticamos no
quotidiano daquelas que os políticos, os empresários proeminentes e o seu chefe
praticam? O que muda, diria um amigo sábio, é o tamanho da oportunidade!
Se
admitirmos certo comportamento em nome de uma satisfação pessoal simplesmente
por que "isso não vai prejudicar ninguém", ou por que "não faz
diferença", mesmo sabendo do incorreto que o é, estamos permitindo uma
flexibilização de nossos valores. Conforme a oportunidade cresce e esse
comportamento se torna habitual, a dimensão da corrupção aumenta.
Vejo
dizer que vivemos uma crise ética. Discordo. Ética é matéria de estudo da
Filosofia; não se impõem: ela serve para estudar a moral - e ainda assim requer
uma perspectiva, como diria um professor de Legislação Social. A
"ética" à qual estamos habituados é, na verdade, código deontológico.
Penso
que vivemos uma "crise" de consciência, onde cientes da hierarquia de
nossos valores, toleramos comportamentos e práticas sem a coragem de
submetê-los à essa mesma hierarquia. E, por isso mesmo, é mais conveniente
atribuir a qualquer outro que não a cada um em sua medida a responsabilidade
por consequências desastrosas.
Como
disse Thatcher:
"Cuidado com seus pensamentos porque se convertem em palavras. Cuidados com tuas palavras porque se convertem em ações. Cuidado com tuas ações porque se tornam hábitos. Cuidado com os teus hábitos porque eles formam teu caráter. Cuidado com teu caráter porque se torna o teu destino. Nós nos tornamos naquilo em que pensamos".
Farias, M. S.
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