Vivemos hoje inseridos em uma sociedade marcada pela violência, roubos, assaltos, agressões físicas e/ou verbais; onde na pressa do dia-a-dia e dos compromissos laborais, e também pelos conceitos estéticos e a superficialidade insuflados pela grande mídia, deixamos de analisar a fundo nossos semelhantes e adotamos uma postura muitas vezes medíocre ante aqueles que, pelo trajar ou agir divergentes de nossos padrões, consideramos perigosos ou de menor prestígio. Ao invés de adotarmos uma conduta de juízes sem autos, deveríamos buscar compreender aqueles que nos cercam, evitando assim criarmos um juízo de valor em detrimento do de fato, o que por sua vez pode-nos levar a uma postura preconceituosa.
Comum observarmos telejornais noticiarem assaltos, latrocínios, tráfico de drogas, violência et coetera em todo o país, desde metrópoles até pequenas cidades interioranas. Normalmente, vê-se associada à imagem do criminoso a de um indivíduo maltrapilho, um mendigo, por exemplo, ou então favelados. Não obstante, as dramaturgias – novelas e séries – que deveriam trazer um momento de lazer e “olvido” destas mazelas, fazem o mesmo que os jornais, introjetando no telespectador a ideia de que, alguém dentro daquele perfil supracitado, via de regra, far-lhe-á algum mal caso se deparem, gerando assim espécie de pânico, de preconceito social.
Uma vez que tenhamos esta imagem da sociedade, não é difícil compreender o porquê de ao ver-se um maltrapilho à rua, se lhe atribuirmos um juízo de valor pejorativo, sem sequer dar-nos ao trabalho de analisarmos que este possa ser apenas mais um humilde trabalhador lutando para poder sustentar sua família; que sacrifícios não há de fazer diariamente, enquanto nós, na estabilidade e comodidade social em que estamos simplesmente optamos por tachar-lhe bandido com base não em fatos concretos concertes a ele, e sim numa imagem estereotipada.
Exemplo de outros contextos em que a compreensão deve ser a priori praticada, são casos de alunos com condutas rebeldes, traços de comportamento antissocial, dificuldade de aprendizado et reliqua. É sabido que a tempera de cada indivíduo, sobretudo quando na adolescência, possui direta relação “causa/consequência” com o ambiente familiar, problemas abrangendo este relacionamento podem ocorrer, prejudicando a formação e o desenvolvimento do indivíduo que, em alguns casos, acaba por corromper-se ou ser mal influenciado por terceiros que, de alguma forma, lhes dediquem a atenção e compreensão que buscam.
Desta forma, temos que a compreensão não deve se restringir ao ambiente familiar, entretanto, abranger todo o trato humano. Não somos oniscientes e, portanto, capazes de compreender as aflições e embates pessoais que cada pessoa em nosso entorno. Nosso julgo quase nunca é justo, ainda mais quando adotamos como parâmetro consensos muito gerais – tais como os midiáticos -, ou ainda apenas o que a estética, o superficial nos faz supor segundo nossos pré-conceitos. Faz-se necessário, antes de que nos consideremos “aptos a julgar” outrem, conhece-lo a fundo e pormo-nos em sua posição, avaliando se nosso agir não seria semelhante.
Farias, M. S. "Compreender ou julgar é só começar". Dezembro de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported. Deve ser citada conforme especificado acima.
Farias, M. S. "Compreender ou julgar é só começar". Dezembro de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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Esta obra de Farias, M. S., foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Baseado no trabalho em livredialogo.blogspot.com.br.
Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponível em discente.farias@gmail.com.
Bom dia amigo Farias
ResponderExcluirAcertadamente suas palavras. Realmente criamos tipos estereótipos, e fixamos nosso conceito àquela imagem, sem pormenores: Julgamos, avaliamos, denegrimos, e não lhes escutamos para saber quem são!
É o mundo do corre-corre, do Oi e tchau...fui...
Julgamos-nos apressados, e cheios de coisas importantes a fazer, de modo que o tempo é sempre curto...e as atribuições são imensas!
E, dedicar alguns minutos a quem quer que seja é trabalhoso e demorado: Não tenho tempo para coisas vãs. Infelizmente - perdemos sempre.
Deixamos de visualizar as vicissitudes que poderá existir, e a beleza da causa ímpar que é o ser humano advém.
Pobres apressados sem causa. Qdo julgamos(o que é raro, fazê-lo com atenção e pudor) - o fazemos superficialmente, sem atentar para as nuances do caráter, da retidão, e da beleza que pode estar escondida em partes menores..
Abços fraternos...Farias diferente?