Atividade de recuperação da primeira semana de aulas
Hoje, os compradores possuem maior
instrução e, portanto, melhores critérios do que há 70 anos, por exemplo. Além
disso, a revolução tecnológica propiciou uma enxurrada de informações técnicas
e trocas de experiências empíricas de compradores sobre todo tipo de produto ou
serviço. A oferta de certo produto pode ser muito atrativa, mas a reputação do
fabricante, do vendedor ou do próprio produto muito negativa em sites como
“ReclameAqui” ou no próprio “eBay”. Esse tipo de dado afeta a decisão de
compra, podendo mesmo levar o cliente a questionar-se sobre o real valor do
produto.
Desse modo, não adianta apenas os
profissionais de marketing descobrir necessidades latentes, mesmo por que, isso
não garante a venda – o concorrente pode identificar essa mesma necessidade e
ofertar o mesmo produto mais barato. É preciso também “criar” uma necessidade,
ou, como o texto sugere, “influenciar o cliente a descobri-la”. O próprio
exemplo dos smartphones: a grande maioria das pessoas sonha com um Iphone
graças à ideia não apenas de status, mas de qualidade e eficiência associada ao
aparelho; no entanto, essa mesma grande maioria sequer conhece completamente as
funcionalidades do smartphone intermediário que possui, quer seja por que não
necessita delas, quer seja por que não sabe operar.
Nasce aí uma perspectiva
interessante: mais importante que a marca, é o conceito associado a ela. Apple
não vende aparelhos eletrônicos, e sim status e qualidade. A Harley-Davidson,
dizia um professor de TGA, tinha fama de desconfortável, com péssima
estabilidade, contudo, tornou-se um clássico associado à ideia de liberdade –
uma necessidade psicológica de todo ser humano, ou, no caso, de altos
executivos capazes de adquiri-la. Starbucks vende mais que café: vende um
ambiente de “comunidade” de lazer; e a Coca-Cola vende felicidade.
Disso, pode-se inferir que o
marketing começa pela identificação de uma necessidade, mas do momento em que
se desenvolve o produto ou serviço, passa-se a criar ou influenciar a imagem
desses como a única, ou antes, a mais eficaz solução a essa necessidade, embora
existam outras tantas além dele. Resulta um mecanismo dinâmico de variáveis
objetivas – requisitos técnicos; preço etc. – e subjetivas – o valor do
produto, o apelo psicológico: a necessidade criada e o desejo de satisfazê-la.
Talvez por isso questões como
políticas de responsabilidade ambiental e social, dentre outras tantas, passam
a ocupar vez por outra a correlação com a marca, conforme são valoradas pelo
público-alvo, uma vez que isso se reflete na decisão de compra de um produto
por ela ofertado. São as necessidades do cliente influenciando a empresa; e a
empresa influenciado o cliente a criar a imagem de resposta ideal às suas
necessidades.
As empresas de cosméticos e a
indústria da moda são bom exemplo. Tradicionalmente, oferecem a “satisfação” de
uma necessidade estética dos clientes, ao passo que também impõem um padrão
“ideal” que, de alguma forma, “empurra” seus produtos. Hodierno, com uma nova
percepção sobre conceitos de beleza, uma nova perspectiva se abre, e empresas
como a Avon, por exemplo, passam a incluir modelos mais “gordinhas” em seus
comerciais. Assim como marcas de roupas passaram a dar mais atenção ao mercado
dito "plus size”.
Logo, o Marketing tanto é
influenciado como influencia, num relacionamento dinâmico entre a sociedade, os
grupos de indivíduos (público-alvo ou nichos de mercado), o próprio indivíduo e
a empresa.
Farias, M. S. "O marketing efetivamente cria necessidades ou apenas as descobre?". Outubro de 2015. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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