Há
certas manifestações que me deixam bastante "consternado", para não
dizer irritado. Uma delas é o atentado cultural promovido por alguns educadores
e sociólogos/ativistas preguiçosos em relação às obras culturais brasileiras: as canções
de roda de Villa-Lobos estão sendo reformuladas à óptica do "politicamente
correto" por que, no entender dessas pessoas, as letras como "Atirei
o pau no gato", "O cravo brigou com a rosa", "samba
Lelê" e até mesmo obras literárias de Monteiro Lobado, são influenciadoras
de algum tipo "preconceito". Mas isso, sejamos francos, ou é pura
preguiça ou é falta de conhecimento.
Ou
preguiça de explicar às crianças que essas cantigas foram compostas por um
compositor e maestro brasileiro, o primeiro - e que me ocorra o único - a compor
música erudita brasileira com base nos elementos culturais indígenas,
africanos, portugueses, enfim da miscelânea cultural que é Brasil e que sua
obra além de uma admirável expressão da cultura deste país, no que diz respeito
às cantigas de roda, tem muito a ver com os costumes de sua época - que
certamente mudaram muito de lá pra cá. O mesmo vale para Lobato, que retrata
certa personagem com elementos hoje considerados racistas. A preguiça de
explicar o contexto sócio-histórico de produção dessas obras, de analisá-las e
tecer alguma forma de paralelo com os dias de hoje, afim de melhor contemplar o
panorama histórico-cultural do Brasil e formar cidadãos que conheçam suas
raízes nacionais, sua cultura, seu povo e capazes de melhor se relacionarem com
as adversidades, com questões mais adiante polêmicas e complexas, tal como a
desigualdade social, a violência, discriminação, etc. Ou então não conhecem
esses aspectos e intentam essas modificações ridículas que falseiam a
realidade, confundem o indivíduo e embotam sua capacidade de analisar e
integrar-se à sociedade em que vive.
Particularmente,
eu sempre entendo que professor e educador não é a mesma coisa: professores
apontam a direção, dão instrução, fornecem ou ensinam como construir as
ferramentas necessárias ao desenvolvimento do aluno, tiram dúvidas, mas fazem
pensar, exigem um posicionamento do próprio aluno; confrontam-no. Já o educador
diz o que é certo e errado, direciona segundo alguma ideologia e não faz
questão de confrontar o educando ou de fazê-lo refletir sobre a questão.
Vejamos a história das marcas de batom no banheiro: o educador, representado
pelo faxineiro, não fez com que as meninas parassem de beijar o espelho por
compreenderem que isso é errado por dificultar a vida dos funcionários da
manutenção e sujar algo que é de uso comunitário, enfim, sendo algo ética e
moralmente incorreto. Ele simplesmente as fez parar por que limpou o vidro com
água da privada, então elas não beijariam mais o espelho por que isso é
anti-higiênico e não as convém, tão-somente. O que significa que se o vidro
for outro, limpo não com água da privada, elas tornaram a sujá-lo com batom.
Mas o problema verdadeiro é que não deveria haver diferença entre professor e
educador, já que os termos, em boa parte dos dicionários, são sinônimos. Neste
caso das marcas de batom, educar está se baseando na pior das suas acepções:
adestrar! O verdadeiro ato de ensinar consiste em "Oferecer a alguém o
necessário para que esta pessoa consiga desenvolver plenamente a sua
personalidade. Propagar ou transmitir conhecimento (instrução) a; oferecer
ensino (educação) a; instruir¹”.
O
preço desta distinção entre "professor" e "educador" e
deste recorrente intuito de adestramento ao invés de "dar asas ao
voo" é uma sociedade que desconhece suas origens e vive à sombra de uma
ilusão que lhe impede de crescer. Ora, é preciso que haja a capacidade de
questionar, mas também a de compreender. De renovar-se e de recordar. Não
deveria prevalecer o medo de refutar por que tal coisa foi dita por alguém de
posição supina, e sim o encorajamento de pesquisar, de pensar e embasar suas
conclusões e demonstrar mais um ângulo da questão e levá-lo à discussão. É
preciso coragem e autonomia no pensar. E, parece-me que, sem compreendermos
nosso passado, não podemos entender o presente, tampouco mudar o futuro.
Farias, M.S.: "O politicamente correto e o mundo de ilusões". Fevereiro de 2013.
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São João evangelista a quem são atribuídas 3 cartas , termina a 1ª dizendo que o mundo todo jaz sob o maligno. Este maligno é bom de serviço e durante alguns anos ele me fechou o cerco sem me bloquear. É que a misericórdia de Deus não nos abandona ainda que o abandonemos. Eu estava perdido e fui encontrado, eu estava morto e voltei a viver. Como um não abandonado, a vida me prosseguiu, o mal me triunfou mas a vitória do bem me fez vencedor. Soerguido sobrevivi na paz final. Como ainda jovem as ilusões daquele tempo, doces e ingênuos tempos, hoje me trazem a certeza de Deus luz dentro de mim. Eu não fui tragado pelo mundo. Eu vendia uma imagem de poder para uma menina que minha carne se derreteu por ela. Quanto sofrimento!. Mas Deus dentro de mim me falava ainda que eu não quisesse ouvi-lo que na minha estrada aquela menina não estava. Era uma ilusão. Criou-se em mim uma grande confusão. Os vorazes dodge dart já davam sinais de morte, mas ainda era um carro muito usado. E eu começava por vender uma imagem de poder a bordo de um deles. Quanta ilusão!. Ter conhecido as ilusões do inferno transmuta um homem na verdade da humildade...:)
ResponderExcluirMas hein?! Que isso tem a ver com a publicação?
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