quinta-feira, 27 de junho de 2013

O futuro da modernidade


Introdução
Pode-se dizer que dois fatores foram essenciais ao desenvolvimento de nossas sociedades e que um destes é à base de nossa atual. O primeiro desses fatores foi a Revolução Industrial, que fez surgir à máquina na produção têxtil, desenvolveu, por assim dizer, a indústria;  o advento do motor a vapor revolucionou também os meios de transporte e outros setores. O segundo fator foi a descoberta e o empreendimento do petróleo. Nossas sociedades estão baseadas, sobretudo, nessa forma fóssil de obtenção de energia e outros insumos.
Hoje é difícil pensarmos em uma sociedade sem recursos enérgicos, ou antes, sem estes em larga escala. É impensável vivermos em um mundo sem energia elétrica, sem eletrodomésticos (micro-ondas, computadores, televisores, lâmpadas, chuveiros, etc.), da mesma forma que sem combustíveis, o que implicaria em um colapso total dos meios de transporte. A carência de matéria-prima à produção de energia, logicamente, remeteria a um contexto semelhante ao supracitado; seria como que regressarmos à Idade Média em termos tecnológicos e industriais.
A matéria-prima utilizada pelas nossas sociedades, hodierno, é, predominantemente, o petróleo e o carvão mineral, ambos concebidos como fontes de energia fósseis e grandes colaboradores dos danos ambientais. Ambos estes movimentam a vida moderna. Da destilação fracionada do petróleo nas refinarias produz-se a maioria dos combustíveis que alimentam os vários tipos de motores (gasolina; diesel; querosene; gás natural; combustível de aviação; gás óleo; bunker[1] etc.), desse processo também resultam óleos lubrificantes minerais, graxos e sintéticos utilizados nos motores e máquinas – das comuns às ultra-pesadas; piche, betume ou asfalto que agregado a materiais adequados constitui a pavimentação de ruas e estradas. Da separação dos componentes do petróleo seguida de reações químicas na indústria se originam detergentes; plásticos; tecidos; borrachas; essências para perfumes; tintas e corantes; medicamentos; inseticidas; fertilizantes agrícolas; explosivos; colas, dentre outros.
Embora seu caráter poluidor, estas fontes de energia são relativamente baratas e, até então, abundantes na natureza. Não obstante, são finitas. Temendo, em futuro não muito distante, a completa escassez desses recursos, tanto mais que seus efeitos negativos sob o meio-ambiente, cientistas do mundo inteiro trabalham na concepção e desenvolvimento de fontes de energia renováveis, ecologicamente corretas, sustentáveis e o mais importante: economicamente atrativas. De tais pesquisas surgiram, por exemplo, os parques eólicos, as usinas geotérmicas, dentre outras fontes de produção de energia elétrica, bem como os biocombustíveis – tema central do presente objeto de estudos.

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Biocombustíveis
Os biocombustíveis são, essencialmente, combustíveis de origem agrícola, não fóssil e renovável – fato pelo qual também são denominados agrocombustíveis. Embora toda forma orgânica de vida seja capaz de produzir alguma forma de energia – bioquímica – os biocombustíveis são formados em laboratórios, de forma industrial, tendo em vista seu uso comercial que demanda grande quantidade.
Existe também a biomassa, outra forma de obtenção de energia, considerada renovável e não fóssil, que consiste no reaproveitamento do lixo. Mas por que renovável? Simples: nossas sociedades produzem, diariamente, toneladas de lixo, além do que, a biomassa compreende também a decomposição natural de qualquer forma orgânica – sejam animais, plantas, fezes, enfim qualquer elemento orgânico. Sabe-se que os lixões, mundo a fora, emitem gases poluentes; dentre esses gases está, por exemplo, o metano, que é combustível.
Através da biomassa é possível obter, por exemplo, o biogás; para tanto, utiliza-se um biodigestor, resumidamente um recipiente vedado onde estão os restos orgânicos; os microrganismos responsáveis pela decomposição entram em ação, provocando a decomposição anaeróbica[2], liberando grande quantidade de gás que é canalizado. Existem também outros quatro processos: (1º) pirólise[3]: obtêm-se gás, carvão natural e óleos vegetais; (2º) gaseificação[4]: produz apenas gás; (3º) combustão[5]: obtêm-se vapor e gás, normalmente utilizado em caldeiras e para alimentar turbinas a gás; (4º) co-combustão: atualmente o mais empregado, é a substituição na queima, de parte do carvão mineral, em termelétricas, por biomassa.
O biodiesel é também insumo da biomassa, obtido, porém, através de gorduras vegetais e animais – óleo de cozinha (de girassol ou canola, etc.) e banha, por exemplo. Pode ser empregado em detrimento do diesel de petróleo, e não possui em sua configuração a presença de enxofre.
Já o bioetanol é produzido pela síntese de amidos, sacarose e celulose, podendo também substituir parcial ou completamente o etanol de petróleo, inclusive sendo agregado à gasolina; pode ser utilizado na fabricação de perfumes, desodorantes e medicamentos etc., enfim, pode substituir amplamente o etanol convencional. Dentre as principais matérias-primas do bioetanol, hoje, estão o arroz, o milho e a soja.

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Considerações finais
À primeira percepção os biocombustíveis parecem ser a solução perfeita aos mais irrequietos problemas ambientais e econômicos atuais e futuros; baratos, renováveis, ecologicamente adequados, virtualmente possibilitam – ou antes, aumentariam – a independência dos Estados em relação à importação de combustíveis... Porém, há outros aspectos que devem ser considerados.
Os biocombustíveis são favoráveis economicamente a partir da perspectiva que todos os países os poderiam produzir, além de que se pode controlar sua quantidade através do aumento ou diminuição do plantio de matéria-prima, ou do uso de biomassa; diferentemente do petróleo que é um recurso finito, localizado em depósitos submarinos, cujo processo de extração, transporte, manuseio e uso ofertam constantes riscos à natureza, além de ser incomum a todos os países e, pelo fato de estar cada vez mais raro, seu preço elevar-se tanto mais.
A partir de uma perspectiva ambiental o tema ainda é polêmico. Há argumentos de ambas as partes; os que apoiam os biocombustíveis defendem que as plantas que os originam absorvem Co2 do ar e compensam a queima futura. Todavia, não existe nenhum estudo que comprove essas alegações, além do que, se deve considerar também a emissão de poluentes das máquinas colheitadeiras, do processo de fabricação de biocombustíveis, dentro outros. Um suposto estudo realizado nos E.U.A., por volta do ano de 2007, teria afirmado que na China o uso de bioetanol de milho elevaria ao invés de reduzir os índices de poluição, até 2010.
As alegações desfavoráveis à produção de biocombustíveis também se embasam sobre a premissa de que não há como saber realmente seus benefícios e que, para plantar matéria-prima é necessária terra, que poderia servir ao cultivo de gêneros alimentícios ou ao abrigo de ecossistemas essenciais à vida.
A ONU (Organização das Nações Unidas), em 2007, emitiu um relatório alertando para tais aspectos ecologicamente contraditórios da produção de biocombustíveis. Um dos pontos frisados foi o risco da predominância da monocultura. O Brasil, por exemplo, possui regiões em que predomina o plantio de soja, em caso dos biocombustíveis, especula-se que haveria um amplo predomínio da plantação de cana-de-açúcar, remetendo o país a uma condição muito semelhante a colonial. Ademais, representa um risco assentar a economia de um país sobre monoculturas, qualquer imprevisto (queda do preço de exportação; aumento do valor de produção; pestes ou pregas) desestabilizaria economicamente o Estado.                                      
A redução na plantação de gêneros alimentícios em detrimento da produção de matéria-prima à indústria bioquímica geraria escassez de alimentos e aumento expressivo dos preços, intensificando diversos problemas socioeconômicos, o que exigiria do governo adoção de alguma medida nesse sentido. Em 2013 já se pode sentir aumento dos preços de alguns gêneros alimentícios em função de fatores ecológicos climáticos; alguns gêneros tiveram aumento de até +84,90% (farinha de mandioca); +37% (arroz); 37,74% (feijão).
A grande preocupação da ONU e de outras entidades é que o promissor mercado de biocombustíveis leve a uma perniciosa “corrida do ouro”.

Farias, M.S. "O futuro da modernidade". Maio de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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Referências
Souza, Joamir Roberto de. Novo olhar matemática. 3º v. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2010.
Gonçalves Filho, Aurélio. Física e realidade: ensino médio física 3. São Paulo: Scipione, 2010.
Peruzzo, Francisco Miragaia. Química na abordagem do cotidiano. 3º v. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2006.
http://pt.scribd.com/doc/69975379/O-aumento-do-preco-dos-alimentos-crescimento-da-populacao-e-degradacao-ambiental
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/fao-pede-apoio-a-pequenos-produtores-na-luta-contra-a-fome
http://www.vozdocampo.com/especiais/comunicados/indice-da-fao-para-os-precos-dos-alimentos-permanece-inalterado-em-janeiro/
http://www.extralagoas.com.br/noticia/5358/geral/2012/09/18/aumento-no-preco-dos-alimentos-puxa-nova-alta-na-inflacao.html
http://www.abrasel.com.br/index.php/atualidade/noticias/1880-020113-setor-de-alimentos-seguira-pressionando-inflacao-em-2013.html
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http://jpff.no.sapo.pt/trabs/ciencias/recursos/recursosenergeticos.htm
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/cienciasnaturais/ciencias_trab/recursosenergeticos.htm
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http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/conteudo_258387.shtml
http://www.espacoecologiconoar.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=18349&Itemid=65
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cientistas-alertam-para-perigos-do-uso-de-biocombustiveis,454965,0.htm
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2007/05/09/31010-onu-faz-advertencia-para-perigos-dos-biocombustiveis.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biocombust%C3%ADvel
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/combustiveis-madeira-ao-biocombustivel-435651.shtml
http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI315905-18077,00-EMBRAPA+DESENVOLVE+VARIEDADES+TRANSGENICAS+RESISTENTES+A+SECA.html
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,desmatar-para-plantar-biocombustivel-agrava-o-efeito-estufa,121167,0.htm

http://nagencia1.blogspot.com.br/2008/04/floresta-amaznica-vai-ser-devastada.html



1. Combustíveis para veículos marítimos.
2. Microrganismos anaeróbicos são aqueles capazes de viverem privados de ar ou oxigênio. A decomposição anaeróbica a que se refere dá-se em ambiente com tais condições ou com baixa presença de tais elementos.
3. Submete-se a biomassa à queima em altas temperaturas em ambiente sem oxigênio.
4. Semelhante à prévia, porém, as temperaturas empreendidas são menores.
5. Queima da biomassa a temperaturas altíssimas, na presença de oxigênio.

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