Não se explica.
Quando se refere a “insatisfações do coração” se refere aos sentimentos humanos. Bom, se algum dia alguém conseguir compreender os sentimentos, esse alguém será ou a pessoa mais feliz do mundo, ou a mais infeliz, ou ainda a mais apática. Séculos de poesias, filosofias e o mais não bastaram para que a humanidade conseguisse sintetizar, explicar seus sentimentos, seus conflitos emocionais. As insatisfações do coração são nossas genuínas frustrações, creio. Nossa razão sempre nos exorta a agirmos da forma que não nos prejudiquemos; que nunca façamos nada que vá de encontro às leis e convenções sociais. Nossa racionalidade é como uma linha reta, não aceita contradições como verdade: sim é sim, não é não. Nossos sentimentos, por outro lado, possuem um caminho mais sinuoso, conceitos mais complexos - por isso nosso "coração" e nossa razão costumam conflitar. Os sentimentos propõe uma entrega simplesmente; eles não requerem nada em troca, não medem danos ou lucros. Quando amamos, por exemplo, agimos de maneira que a razão censuraria - "pagamos mico", às vezes ficamos um pouco menos rígidos, negligentes... Os sentimentos tem uma relação maior com o físico, com o “agora”; sentimos gratidão por uma ação em nosso benefício; raiva ou ódio contra quem nos contraria; amor por quem nos cativa por ações e/ou pelo talhe. Amamos por amar. O sexo, por exemplo, é um momento de entrega, de desejo, um conjunto de sentimentos desencadeados pelo carnal, pelo aspecto físico. Todavia, como não se pode separar o espírito do corpo, nossa razão também gera sentimentos, muitas vezes que reprimem os sentimentos físicos. As insatisfações do coração são, em suma, normalmente, a não correspondência de algum desejo, a privação de algo ou alguém, é o não possuir, ainda que, muitas vezes, elas – as insatisfações – possam ser abstratas.
A racionalidade também tem a ver com o que é material, mas ela pesa também ideais, valores, códigos de ética e moral, enfim, um conjunto de fatores espirituais; ela é menos impulsiva que os “sentimentos do coração”, a razão tem seu próprio sentir. O amor, os sentimentos que pregam as religiões cristãs, por exemplo, está baseado no amor que Cristo prega: fortemente alicerçado sobre um complexo código de valores éticos, morais, sociais, religiosos, ideológicos que conduzem a constituição de um caráter elevado. É, portanto, um conjunto de sentimentos racionais em detrimento do sentimento físico, carnal.
Farias, M. S. "Como se explica as insatisfações do coração". Outubro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br
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Resposta ao questionamento (título) da leitora Angélica, feito nos comentários da postagem "Questões de Filosofia". Respondido em 02/05/13.
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