segunda-feira, 25 de junho de 2012

Muros


Ele está lá. Preso na liberdade do seu dinheiro, preocupado com as espinhas que vão surgir com o excesso de chocolate que carrega consigo. Assistindo a estreia do filme novo com os amigos presunçosos. Do outro lado do muro onde ele mora está uma família que vive na incerteza se o pai voltará para casa com comida. Vive vários garotos punidos com uma dura realidade que eles fogem indo soltar pipa.  A criança acreditou no homem que vestia terno e olhava pela câmera como se realmente estivesse falando com ela. A criança acreditou que esse homem iria descer do confortável carro e pisaria na realidade que ela vive.
Então, eis que se rebelou o rapaz que sempre é humilhado por causa de suas condições de vida, o menino calmo carrega ódio nos olhos, e a vermelhidão que trás consigo no olhar é o efeito da droga se manifestando. Não apresentaram a solução para o rapaz, mas apresentaram as drogas. Ele desce e sobe o morro várias vezes ao dia, servindo de entregador para manter o próprio vicio. A família não o vê mais em casa, as raras vezes que ele aparece é para pegar alguma coisa para vender, e a mãe fica fazendo costuras o dia todo na sala da casa para ajudar no sustento da casa.  Mais um morador do bairro vitima de assassinato, a mãe abandona a maquina de costurar e fica atenciosa ao fato noticiado, mas não há com o que se preocupar é apenas outro consumidor de drogas que não quitou as dividas e pagou com a vida, não há necessidade de alarme, esse seria outro bandido motivado pelo vicio.  Crianças, jovens, adultos todos estão dividindo o mesmo céu, o mesmo ar.  Nascer, Crescer, Reproduzir e morrer, Já que as leis naturais parecem ser iguais para todos porque detrás daquele muro tem outra realidade? Outro mundo cheio de  temor?
O menino continua sorrindo com os amigos pela piada de um astro de Hollywood, ele falava das milhares de operações feitas para ficar bonito, mas para que pagar caro para ficar bonito, se do outro lado do muro está cheio de pessoas necessitando das condições básicas de humanização. 
Será sempre assim? O muro sempre vai está erguido dividindo as realidades opostas? Ou um dia a sociedade derrubará todos os muros que ainda estão erguidos entre uma vida e outra. Daremos outro grande salto, da mesma forma como foi feito ao muro de Berlim? Ou vamos viver para sempre acomodados a nossa própria realidade?


 Menires, Ana. "Muros". Junho de 2012.  http://livredialogo.blogspot.com.br/
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