A competitividade em si não é algo mal, sem ela nosso sistema capitalista não se sustentaria, isto é, faliria. Igualmente, não haveria progresso em sentido algum, pois existira um conformismo intelectual, social e tecnológico. É o instinto de competir que faz com que evolucionemos, porém, como tudo na vida, existe um limite. Quando passamos a menosprezar a forma de atingir uma meta, tornamo-nos perniciosos à sociedade e nós mesmos.
O individualismo hoje em nossa sociedade é crescente, com isso também acirra-se a competição por melhores colocações sociais, financeiras, políticas etc. Esta avareza faz com que aja-se com nulidade de caráter e dos valores altruístas da inteligência, do espírito humano, condicionando o pensamento social a um conceito equivocado de valores, que visa fins grandiosos e meios vis.
Nas escolas, de um modo geral, é plantada a semente desta competição. Por meio de probatórias que anulam muitas vezes o pensamento crítico, uma vez que se circunscrevem a “reprise”, ainda que em sinônimos ou fidedignamente do conteúdo desenvolvido pelo mestre, isto é, o aluno simplesmente decora aquilo que deveria reflexionar e aprender, transcrevendo a prova não um conhecimento genuíno, mas mera cópia. Não observa-se nisto a finalidade de expansão cognitiva, mas de lograr-se boa nota, mesmo que para tanto, seja necessário “tapear” o professor – “colar”, o que é tão ruim quando apenas memorizar informações.
Há no presente uma grande tendência do ser humano querer ser sempre o “número um”, em qualquer que seja o contexto. Em muitos casos sequer sabemos ao acerto o que de fato queremos. Esse instinto de competição avarenta faz nulificar nossas emoções e intuições e passamos a agir maquinalmente, tomamos decisões baseadas em um suposto “padrão” que nos leva a desenvolver planos e metas que não necessariamente representem nosso gosto, e sim o que a sociedade apresenta como a nossa felicidade.
O aluno precisa ser estimulado a pensar, reflexionar sobre o que lhe é apresentado não apenas em sala de aula, mas em seu quotidiano, precisa ser capaz de desenvolver ideias coerentes, de distinguir o que é real e necessário, daquilo que é fruto de um devaneio da ganância e da soberba. Necessitamos livrar-nos deste padrão ideológico que nos condiciona a uma competição intérmina, e passarmos a adotar o pensamento crítico, racional, mas ligado aos sentimentos que nos tornam humanos. A ganância sem limites, esta competição predatória de nossa sociedade (longe de adequar-se aos padrões científicos da Biologia), está fazendo do homem irresponsável a ponto de, mesmo ciente da fragilidade do meio-ambiente, prosseguir devastando-o para lucrar.
A competição não é um mal, é necessária à nossa evolução, mas deve manter-se atrelada ao senso de bem comum e respeito à vida, ao planeta Terra.
“Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos à parte alguma.” (José Saramago).
“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensaram ansiosamente no futuro esquecem-se do presente, de forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.” (Dalai Lama).
Farias, M.S. "Competitividade". Julho de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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Realmente a competitividade é o que move o mundo, tudo hoje em dia tem um ar de disputa
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