Eventualmente
tenho insônia, hoje, por exemplo, é um desses dias, ou melhor, noites. Para
gastar esse tempo tenho por hábito organizar meus livros, checar cadernos,
ler... enfim, qualquer coisa que entretenha-me ou provoque o tão benquisto
sono. Revirando minha estante, eis que encontro um trabalho das séries iniciais
do ensino fundamental. Estranhamente isso me fez recordar de como era a escola
Inácia quando lá ingressei. Ah! Como era bom na hora do recreio – entre a 1º e
4º séries -, ir à biblioteca jogar – a dona Zaira sempre mantinha tudo bem
organizado, os jogos eram exclusivos para esses momentos de ociosidade. A sala
da biblioteca tinha um aroma de limpeza mesclado a papel e tinta. As mesas
estavam sempre ocupadas. O joguinho mais disputado era sempre o “Trânsito”,
lembro-me que uma vez saí um pouco atrasado da sala e, chegando à biblioteca os
jogos e mesas estavam todos ocupados; dei sorte que a mesa onde estava a
Larissa tinha lugar para mais um jogador de “Trânsito”. Aquelas cartas era um
pesadelo, principalmente quando nos faziam volver casas. Nessa ocasião a
Larissa foi quem venceu a partida – é uma pena eu não lembrar o nome dos outros
dois jogadores! Não tenho mais nenhuma reminiscência desse jogo – ao menos de
uma partida completa, uma vez que o recreio sempre acabava antes da partida.
Por
esse período talvez estivéssemos à primeira série, nossa professora titular era
a Jacila (ótima mestra e alfabetizadora), porém tivemos duas estagiárias: a
Renata e a Amanda. A Renata não possuía, à vista ao menos, vocação. Espero que
não tenha seguido no Magistério, se não, míseros desafortunados que lhe foram
alunos! Já a Amanda foi uma agradável professora estagiária; era divertida,
porém séria e comprometida, se ela seguiu no Magistério, deve continuar sendo
uma boa professora. Na segunda série nossa titular era a professora Jaqueline,
sua principal característica era a calma. Com relação à estagiária só me
recordo que se chamava Daniela, tinha um belo sorriso, uma ótima caligrafia –
gostava especialmente de como ela desenhava a letra “D” -, lia muito bem, com
excelente entonação da voz, pronúncia e respeito à pontuação. Nessa fase não
tínhamos acesso à biblioteca por falta de funcionários, então improvisamos uma
na sala. Isso mesmo, na sala! Cada um de nós levava alguns livros e trocávamos
uns com os outros; chegamos até mesmo a escrever nossos próprios livros, com
nossos personagens singulares. Na terceira série a professora titular era a
professora Simone, filha da bibliotecária, a dona Zaira. A estagiária era a
professora Cíntia, tinha um belo sorriso, era calma, tinha jeito para ser
professora. Lembro-me que uma vez ela levou-nos à Associação Educacional (ou de
Educação) para vermos a casca de algumas frutas ao microscópio. No trajeto
paramos em uma frutaria, um colega nosso acabou derrubando uma caixa de cocos,
os quais acabaram quebrando – prejuízo para a professora... No último dia de
aulas com a professora Cíntia nossa turma, por ela coordenada, fez uma salada
de frutas e uma nega-maluca. Na terceira série eu sentava-me numa classe ao
fundo, o último da fila, e como não conseguia avistar a lousa, a professora
Simone permitia-me copiar de seu diário, resultado: antes do recreio eu já
havia copiado todo o conteúdo do dia e respondido os exercícios. Na hora do
recreio podíamos ficar na sala, foi quando passamos a jogar damas. A Wyctória
nunca ganhava partida, mas era bom jogar com ela. Já a Mayara era uma
competidora à altura, era difícil ganhar-lhe nas damas. Ah, terceira série...
Na quarta série voltamos a sermos alunos da professora Jacila, novamente
tivemos duas estagiárias: a Elidiane e a Zaira. A Elidiane talvez fosse boa
professora – uma vez me ditou as respostas de uma prova de História -, porém
nunca simpatizei muito com ela. Já a Zaira era boa professora, era simpática,
organizada, comprometida, tanto que mereceu uma despedida bem elaborada. Na
sala da nossa quarta série havia uma mesa com um compartimento, uma portinha,
nós fazíamos competição de quem ficava mais tempo lá dentro. Certa feita,
quando chegou minha vez, a professora entrou na sala e ninguém me avisou,
quando fui sair ela calçou a porta com o joelho e lá ficou o Mateus de castigo
por uns segundos (risos). Nessa série houve outras situações semelhantes e
igualmente engraçadas.
Ah...!
Como é bom recordar! Ainda mais os primórdios da vida acadêmica. De todas as
experiências que passei na escola Inácia - e que serviram de lição para muita
coisa -, são essas lembranças um pouco baças dos meus primeiros anos que guardo
com um zelo mais. As amizades construídas, as travessuras que aprontamos, as
brincadeiras... Um tempo em que se era apenas aluno, ignorando todo o mais. Da
quinta série em diante há lembranças boas, sim, há, porém já não com o mesmo
matiz de suas predecedentes.
Hoje,
para ocupar o tempo insone grafei estas melancólicas linhas a narrar algo
agradável de recordar, fazendo serenar a saudade...
Farias, M. S. “Insone reminiscência". Maio de 2012. http://livredialogo.blogspot.com/
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