domingo, 13 de maio de 2012

Mãe crioula.

  Em homenagem ao dia das mães, deste ser tão maravilhoso, preparou-se esta singela postagem, trazendo um vídeo da música "Mãe campeira", escrita por Celso Dornelles e interpretada por Sandro Coelho, e também uma poesia do ilustre Jaime Caetano Braun, intitulada "Mãe crioula". Esperamos que gostem!
   A todas as mães, parabéns! 





Mãe crioula do Rio Grande,
Sacrossanta criatura,
Olho d’água de ternura
Na velha várzea pampeana,
Não há rincão de alma humana
Onde não se erga um altar
Somente pra te adorar
Como deusa e soberana!

Mãe crioula do Rio Grande,
Legenda de mil amores,
Campo bordado de flores,
Delicadas, sem espinhos,
Sombra amiga dos caminhos,
És o sagrado reduto
Onde o xiru, por mais bruto,
Aprende a beber carinhos!

Mãe do piasito dos ranchos
Ao desamparo da sorte,
Desses que rolam sem norte
Pelos atalhos da vida;
Mãe que embala comovida
O amado filho campeiro
Rezando, à luz do candieiro,
Pra que ele cresça em seguida.

Mãe do gaudério sem lei
Que um dia se foi embora;
Mãe santa e buena que chora
Antes do filho partir;
Mãe que não sabe pedir
Por ter medo de magoar;
Mãe que de tanto chorar
Desaprendeu de sorrir.

Mãe do pobre peão de estância,
Miserável dos galpões.
O paria das solidões
Maltrapilho, analfabeto;
Mãe que sob humilde teto
Pressente o trote do pingo,
Do filho que vem Domingo,
Trazer-lhe um pouco de afeto.

Mãe da chinoca inocente
Que enfrentando um mundo novo
Um dia caiu no povo
Pialada por sorte atoa;
Mãe divina, sempre boa,
Que lá ficaste sozinha
Rezando pela chininha,
Pois a mãe sempre perdoa.

Mãe dos tauras que morreram
Em peleias de outras eras;
Mãe que ao cruzar nas taperas
Sente que o peito lhe inflama,
Porque sofre o mesmo drama
Que alguma outra mãe sofreu.
E recolhida ao seu "eu"
Em lágrimas se derrama.

Mãe que sofre ouvindo o guaxo
Rinchando, de tardezinha,
Como a chamar a mãezinha,
Num triste e longo estribilho,
Por ver no pobre potrilho
O pesar orante e profundo
Do filho sem mãe no mundo
Que o possa tratar de filho.

Mãe gaúcha incomparável,
Rainha do céu azul
Mãe do Rio Grande do Sul,
Mãe do centauro charrua,
Nem estrelas, nem a lua,
Jamais te igualam no brilho
Quando a sentença - "Meu filho"
Entre os teus lábio flutua.

Por isso e que, reverente,
Santa mãezinha querida,
Fonte de amor e de vida
Sacrificada aos deveres,
Sinto o maior dos prazeres
Ao beijar-te, anjo bendito,
Pois em ti eu beijo contrito
O mais sagrado dos seres!

Jayme Caetano Braun.


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