quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Alterações Curriculares no Ensino Médio gaúcho.

      Para discutir essas alterações o estado do Rio Grande do Sul promoveu uma série de deliberativas e, em todas elas houve a presença de delegados representando a discentes, docentes, funcionários e pais. Eu tive o privilégio de compor a delegação que representa aos estudantes na esfera de discussão municipal e à fase de debate com as escolas que estão sobre a administração da 5° Coordenadoria Regional de Educação, atualmente dirigida pelo professor Círio Machado de Almeida.

      Nesta postagem eu lhes apresentarei o texto que elaborei para essa primeira fase de deliberação e, na postagem posteori argumentarei sobre minha participação na segunda fase das deliberações. Porém, que fique claro: todas as informações aqui apresentadas podem ter sofrido retificações nas fases deliberativas seguintes as quais eu não pude participar.
     
"Alterações Curriculares no Ensino Médio Gaúcho".


A teoria da mudança curricular do Ensino Médio é assaz aprazível, pois, em principio, o aluno será levado a elucubrar sobre os temas os quais está aprendendo em sala, assim como, desenvolver seu senso crítico. Outrossim, o aspecto referente a proposta de uma formação com olhos ao mercado laboral, uma vez que, seja, quiçá, o principal receio dos discentes, a preparação para tal, tendo objetivado um campo de trabalho o qual atenda as expectativas destes, levando-se em consideração a ferrenha competitividade existente entre profissionais de áreas diversas, reclamando nesta configuração a erudição.

A forma atual de educação, inclusive argumentado semelhantemente no documento de proposição, fragmenta o conhecimento em disciplinas com o intuito de facilitar a aprendizagem, entretanto, observa-se que número considerável de alunos apenas decora as teorias, muitas vezes sem sequer analisar com visão crítica, deste modo, inobservando uso empírico desse conhecimento teórico, tornando inexitosa à aprendizagem.
As alterações vigentes visam além de estabelecer íntima relação entre aprendizado e mercado laboral coevo, um principio educativo de desenvolvimento das aptidões cognitivas e intelectuais complexas, substituindo tal fragmentação simplificada, desta forma, provocando a reflexão por parte do educando. Reforçando, assim, a máxima de escola como “ambiente originador do diálogo dos distintos saberes”.

Não obstante, entre teoria e prática há certa distância, afinal, o papel aceita tudo, a realidade nem sempre. Embora um dos objetivos principais destas alterações seja diminuir a evasão escolar, não foi levado em consideração que, muitas vezes esta se dá pelo desinteresse do educando em aprender, ou por outros fatores externos. Tais mudanças exigem também alterações na forma qual trabalha o corpo docente e, até mesmo, da estruturação dos educandários.

Em certo ponto, o documento relata: “[...] docentes devem conhecer os processos produtivos que são objeto das propostas de formação, de modo a assegurar a relação entre teoria e prática.”.  Haverá disponibilizada formação a estes?

Embora possa julgar-se que isto não seja preocupação aos alunos, é ela, sim uma aflição aos discentes, haja vista que, trata-se de nossa formação. A educação, assim como o conhecimento, trata-se de um todo, logo, qualquer alteração fragmentada afeta ao conjunto.

Sob uma óptica subjetiva, acredito que estas alterações propostas serão muito bem-vindas. Todos os cursos (Politécnico, Técnico Integrado e Normal), receberão modificações essenciais. O documento ainda sugere que se procure uma nova forma de avaliar aos alunos. Muito bem-vinda há de ser, pois se reconhece que a capacidade cognitiva e intelectual de cada um pode se apresentar de várias formas.
No entanto, vivemos hoje uma realidade em que, encontramos informações disponíveis a um “clique”, mas, em contraparte, estamos perdendo o senso analítico, agindo pelo impulso da influência. Por isso, digo que, se a prática da teoria destas mudanças ocorrer como planejado e, o aluno passar a desenvolver seu senso observador será ótimo, além de concluir o segundo grau certamente visionário de uma profissão a seguir, com um curso superior em mente.  

Mas, como enfrentar o desinteresse?

Como resgatar a imagem de escola como um local de debate intelectual?

Durante o último decênio nossa educação sofreu inúmeras alterações, nem todas para melhor, infelizmente, e a imagem do professor como uma autoridade se foi esfacelando. Hoje, o mestre digladia por atenção da classe. Como resgatar a consideração pelo trabalho de quem letra?

E nós, os alunos, como ficamos em meio a estas mudanças? O estado fornecerá subsídios às escolas para realização das pesquisas por parte dos alunos?

Em suma:
A teoria dessas mudanças é boa, mas e a prática? Os professores receberão cursos de formação para essas novas mudanças? E as escolas, terão estrutura?

A teoria é ótima, mas a prática é dúbia. Quem a escreveu, provavelmente nunca sujou-se com giz, baseou-se em dados de pesquisas para elaborá-la.

Reconhecemos, todavia, que esta é mais uma tentativa de mudança, para melhor da educação brasileira, hoje tão lesada, fragilizada. Esperamos que, esta mudança não seja frustrada. Ao certo, quem projetou as modificações deve ter pensado também, nos contratempos e variáveis que advém com a prática. 


Farias, M. S. "Alterações Curriculares no Ensino Médio gaúcho". Novembro de 2011. www.livredialogo.blogspot.com
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