sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sociedade do conhecimento

Hodierno vive-se em um mundo cada vez mais informatizado e conectado através de complexas ferramentas e dispositivos que possibilitam a praticamente qualquer indivíduo inteirar-se acerca daquilo que se passa em sua cidade ou do outro lado do planeta. Os avanços tecnológicos no último meio século puseram às mãos do homem uma absurda quantidade de informações qual também corroboraram à aceleração dos processos de globalização, mesmo o do conhecimento, promovendo, destarde, uma maior e mais ampla interação cultural.
Desde a Revolução Industrial que se passou a exigir do operário um maior grau de instrução e, com isto, gerou-se também maior difusão e reformulação do ensino, da necessidade de conhecimentos dentro da sociedade. Outro reflexo importantíssimo foi o aprimoramento tecnológico que possibilitou o desenvolvimento científico, médico e bélico que, por sua vez, durante a Guerra Fria, proporcionou o surgimento do meio de comunicação que mais usamos hoje: a internet, além, claro, de subsidiar a evolução dos demais. Hoje a internet disponibiliza indiscriminadamente qualquer tipo de informação, afora proporcionar a interação social entre pessoas de diferentes regiões, países e culturas, de modo que afeta muito amplamente o comportamento das sociedades mundo a fora.
A maneira como homem interage com a realidade está diretamente relacionada à sua educação, tanto que o aprendizado é um processo de mudança do saber e do comportamento; quanto mais erudito mais polido, mais hábil é o ser em lidar com os fatos e com os seus semelhantes. O aprimoramento das TICs¹ vem acelerando as mudanças nas áreas de conhecimento e no comportamento social em função da necessidade de seu domínio no campo profissional e consequentemente pessoal. O vislumbre que se tem é o da construção de um mundo cada vez mais globalizado onde tudo e todos interagem reciprocamente interligados. O resultado aponta ser um modelo de organização onde o desenvolvimento social e econômico assentam-se sobre a informação enquanto elemento básico da construção do saber.
Ademais, esta globalização do conhecimento provoca a aproximação de culturas distintas e entrechoques de conceitos e filosofias. Em certo nível isto pode causar relativos conflitos, sobretudo em países mais orientais onde as culturas se apresentam muito distintas das nossas. Por outro lado, esta oposição de filosofias e costumes, quando observada sobre o prisma do respeito e do conhecimento, torna-se uma valiosa fonte de informações que age no sentido de expandir os horizontes cognitivos e intelectuais de quem se dispuser a analisa-las. Ao compreendermos outras culturas, outras formas de ver o mundo, ampliamos nossas concepções e nossa capacidade de comunicação e interação.
Desta forma temos que os avanços científicos nos últimos cem anos proporcionaram uma vasta evolução tecnológica, a qual afetou gravemente o comportamento social. A interação cada vez maior dos povos vem constituindo uma espécie de novo padrão cultural mundial, sendo a tecnologia o elo mais tangível. Este novo padrão, a seu turno, põem o conhecimento como fundamento da produção de riquezas, bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos. Não obstante, a grande quantidade de informações, a que estamos expostos faz surgir a necessidade da seletividade e valorização daquilo que efetivamente possui qualidade, ou seja, o que ainda não possui uma excessiva abstração dos dados. Esta necessidade de filtrar informações é uma defesa contra a alienação, isto é, a supressão do senso crítico-reflexivo do indivíduo, a sua capacidade de pensar e posicionar-se.

Farias, M.S.: "Sociedade do conhecimento". Outubro de 2013.http://livredialogo.blogspot.com.br/
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1. “Tecnologia da Informação e Comunicação”.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Vida e vicissitudes

Viver é interagir com mudanças, adequar-se a situações e evoluir através da aprendizagem com os erros e as dificuldades. No mundo de hoje os jovens, sobretudo, não-raro veem-se lidando com problemas como o desemprego, o abandono e as mudanças que a vida e a sociedade exigem.
Desde muito cedo somos alertados sobre a necessidade de evoluirmos intelectualmente, socialmente; falam-nos das mudanças e de sua benfazeja existência. Ocorre que nem sempre estas mudanças são bem-vindas ou desejadas; por vezes nos acomodamos em um contexto e nos recusamos a abandoná-lo. No geral ansiamos por um porvir esplêndido, mas tememos as incertezas e o não sermos capazes de lidar com elas.
O desemprego, por exemplo, é um dos principais temores de muitos brasileiros, preponderantemente dos jovens que estão ingressando no mercado laboral, repletos de metas e sonhos. A autonomia financeira dignifica, uma vez que seja assaz degradante a condição de pedinte, dependente da boa vontade alheia ou de parentes.
Em tais contextos, onde o jovem ou mesmo o adulto encontra-se à mercê de outrem, podem ocorrer situações de abandono, deixando o indivíduo em uma situação ainda mais desesperadora. O abandono familiar, expresso muitas vezes na falta de compreensão e apoio dos familiares, quando aliado ao menoscabo social, muitas vezes manifestado pela inobservância das qualidades e aptidões em detrimento de outros aspectos supérfluos e a famosa “rasgação de seda”, podem apontar para um quadro depressivo ou de desesperanças, bem como corroborar com problemas sociais.
Desta forma, temos que a sociedade e a própria vida exigem de nós uma imensa maleabilidade e capacidade de adequação ao ambiente, tal como um camaleão capaz de camuflar-se, e assim proteger-se garantindo sua subsistência, em qualquer meio. Contudo, por mais que nos preparemos às mudanças, sempre teremos de conviver com medos e incertezas, de maneira ou outra; assim, precisamos evitar os “acomodadores”, como diz Paulo Coelho, e seguirmos nos aprimorando, pois somente podemos – e precisamos dessa certeza única – contar com as nossas capacidades e conhecimentos, com nós mesmos... Dos demais devemos cobrar apenas uma atitude friamente racional em relação as nossas qualidades e ações, uma contemplação do mérito, tão-somente. Afinal, como diz Malba Tahan: “o homem só vale pelo que sabe”...

Farias, M.S.: "Vida e vicissitudes". Outubro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br
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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Àquele que leva a Luz do Saber

Dia dos professores, data tradicionalmente ignorada, este ano recebeu especial atenção de um feriado. Justo, afinal, cabe aos professores uma responsabilidade amedrontadora: modelar cidadãos, formar profissionais e, assim, cuidar do arcabouço de um país. Ser professor é bem mais que uma vocação ou simples escolha de uma profissão, e sim assumir a postura sacra daquele que leva a Luz do Saber àqueles que vivem na escuridão de um universo de horizontes ínfimos, incapazes de contemplar e compreender a beleza das estrelas mais distantes...  Todo aquele que toma para si esta tarefa árdua e consegue produzir, irradiar e transmitir a Luz torna-se um "Pontifex Maximus", isto é, seguindo-se o Latim à risca, o máximo construtor de pontes - não no sentido ortodoxo, mas pontes entre realidades, entre conhecimentos, promovendo, destarde, a evolução do ser.
Curiosamente não são todos os que conseguem desenvolver este dom da Luz; muitos se apagam durante o correr dos anos por inúmeras razões, outros, no entanto, nem chegam a alcançar o brilho e tornam-se guias à deriva de qualquer clarão...
O trabalho de construir pontes, como se é de supor, não é fácil. Nem sempre o terreno é plano ou o abismo tem fundo próximo, de modo que é necessário projetar, construir e mesmo revitalizar bases, construir diversos vãos até formar a ponte completa que permitirá que o peregrino contemple à luz do Saber novas terras e, à medida que avança, tornar-se um dia ele próprio capaz de iluminar o caminho e construir suas travessias...
Se o mentor não for hábil ele deformará seu aprendiz, pois não será capaz de levar-lhe luz ou construir-lhe as pontes necessárias e simplesmente o puxará pelas mãos e o conduzirá por pontes já feitas. Deste modo o aluno jamais aprenderá atravessar as pontes, a criar coragem de ir além, de passar por sobre abismos, tampouco aprenderá a construir ou a contemplar a luz.
Professores, de fato, são poucos. São cada vez mais raros os que amam sua profissão e a ela se dedicam de uma maneira tão insana que simplesmente não a concebem como trabalho, como algo que remeta a um instrumento medieval de tortura, mas como uma extensão de sua alma. São estes os que se tornam admiráveis, que conquistam uma classe sem muita dificuldade, que, igualmente, fazem a sala de aula ficar com um cheiro insuportável de neurônio queimado (risos).
Tive muitos educadores - e outros muitos eu ainda terei - mas professores, de fato, foram poucos. Poucos mas eternamente memoráveis.
Por isso, hoje, em face de tamanho menoscabo da educação e de seu profissional neste país é que mais do que nunca se deve cumprimentar respeitosa e orgulhosamente aos Professores. Por favor, jamais permitam que esta data torne-se um sinônimo de pesar e lembrem-se: labor omnia vincit!

Farias, M.S.: "Àquele que leva a Luz do Saber". Outubro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Meus Olhos.

Em minha busca árdua por aconchego
Decifro as mais belas canções de amor
Nos princípios do eterno sossego
Provo o doce néctar da linda flor

E que seja feita a vontade dos ventos

Que tragam além da brisa, um sorriso
Tal que unifique todos os sentimentos
Viver e sentir tão magnífico regozijo

E se em um instante eu encontrar

O aconchego que tanto procuro
Meus olhos dirão para mim esperar
E ver no passado um futuro

O sol que desponta no horizonte

A lua que reflete no mar
A face que esconde
O mais sincero desejo de amar

Nos corações divididos

Arde no peito a chama incandescente
Entre os sonhos partidos
Perde sua força o espírito valente

Sinto no corpo a brisa a soprar

Sinto que no amor devo confiar
Meus olhos expõem a certeza
De um dia encontrar a amada princesa

Garcia, Samuel. "Meus olhos". Outubro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Como se explica as insatisfações do coração?

Não se explica.
Quando se refere a “insatisfações do coração” se refere aos sentimentos humanos. Bom, se algum dia alguém conseguir compreender os sentimentos, esse alguém será ou a pessoa mais feliz do mundo, ou a mais infeliz, ou ainda a mais apática. Séculos de poesias, filosofias e o mais não bastaram para que a humanidade conseguisse sintetizar, explicar seus sentimentos, seus conflitos emocionais. As insatisfações do coração são nossas genuínas frustrações, creio. Nossa razão sempre nos exorta a agirmos da forma que não nos prejudiquemos; que nunca façamos nada que vá de encontro às leis e convenções sociais. Nossa racionalidade é como uma linha reta, não aceita contradições como verdade: sim é sim, não é não. Nossos sentimentos, por outro lado, possuem um caminho mais sinuoso, conceitos mais complexos - por isso nosso "coração" e nossa razão costumam conflitar. Os sentimentos propõe uma entrega simplesmente; eles não requerem nada em troca, não medem danos ou lucros. Quando amamos, por exemplo, agimos de maneira que a razão censuraria - "pagamos mico", às vezes ficamos um pouco menos rígidos, negligentes... Os sentimentos tem uma relação maior com o físico, com o “agora”; sentimos gratidão por uma ação em nosso benefício; raiva ou ódio contra quem nos contraria; amor por quem nos cativa por ações e/ou pelo talhe. Amamos por amar. O sexo, por exemplo, é um momento de entrega, de desejo, um conjunto de sentimentos desencadeados pelo carnal, pelo aspecto físico. Todavia, como não se pode separar o espírito do corpo, nossa razão também gera sentimentos, muitas vezes que reprimem os sentimentos físicos. As insatisfações do coração são, em suma, normalmente, a não correspondência de algum desejo, a privação de algo ou alguém, é o não possuir, ainda que, muitas vezes, elas – as insatisfações – possam ser abstratas.
 A racionalidade também tem a ver com o que é material, mas ela pesa também ideais, valores, códigos de ética e moral, enfim, um conjunto de fatores espirituais; ela é menos impulsiva que os “sentimentos do coração”, a razão tem seu próprio sentir. O amor, os sentimentos que pregam as religiões cristãs, por exemplo, está baseado no amor que Cristo prega: fortemente alicerçado sobre um complexo código de valores éticos, morais, sociais, religiosos, ideológicos que conduzem a constituição de um caráter elevado. É, portanto, um conjunto de sentimentos racionais em detrimento do sentimento físico, carnal.

Farias, M. S. "Como se explica as insatisfações do coração". Outubro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br
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Resposta ao questionamento (título) da leitora Angélica, feito nos comentários da postagem "Questões de Filosofia". Respondido em 02/05/13. 
 
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