segunda-feira, 29 de abril de 2013

A Voz da Poesia.

Meu coração é uma casa
Abro portas e janelas
E as mais sinceras inspirações
Nascem com fervor e à luz de velas

É como as folhas que se movem

Ação do vento ousado e ocasional
Se ele soprasse sempre
Levaria do mundo todo mal

Tu não precisa me perguntar

Faça-se em mim quando achar necessário
Pois quero as palavras certas te dar
E fazer do belo o extraordinário

A inspiração é a tua fonte

Vens da alma e exige liberdade
Sendo assim, te quero livre
Tua palavra é paz, amor e igualdade

Estás presente no meu âmago

Minha alma é tua morada
Imensa essa confiança que tu me deposita
Contigo, possuo tudo sem exigir nada

Tu me dá a lança e o escudo

Tu me faz guerreiro
Pra ti, sempre estou pronto
Pra ti, sou muito mais do que um mensageiro

Sei que mais inspirações virão

E irei traduzi-las de forma correta
Para que o mundo então saiba
O verdadeiro poder de um poeta




Garcia, Samuel. "A voz da poesia". Abril de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Quem fala como quer é entendido como der...

Algumas pessoas tem o descuidado hábito de usarem, em contextos mais humildes, palavras complicadas, usadas na comunicação das altas esferas sociais, muitas vezes para puxar o saco ou encher linguiça, quando não, “dourar a pílula”.  Dessa forma, surgem os mais engraçados equívocos que se pode imaginar...

Um deputado, discursando para uma plateia de muito humilde letramento, assim se referiu: “[...] é homérico o descaso para com este estoico povo! Chega de paliativos, precisa-se agir energicamente [...]”. E por aí seguiu... Algumas pessoas, mais atrás na multidão, que não conseguiam ouvir, perguntavam umas às outras que dizia o orador.  Nasceram pérolas do tipo: “Ah... ele está dizendo qualquer coisa sobre um tal de Américo e parece que ele não fala bem o Português, disse que “estoy con” povo. E o resto tem a ver com palitos e energia, algo radioativo, eu acho...”. Uma semana depois a confusão era tanta que ninguém mais sabia o que o deputado tinha, de fato, dito – o que não era grande coisa, já que muito provavelmente nem ele se escutara...

Outro caso, que até hoje estou tentando entender, está relacionado a uma fala do Papa, anos atrás. Parece-me que, em um discurso, Sua Santidade teria exortado um comportamento mais cristão aos jovens e às mulheres. Não tardou para que no lugar de exortar tenham compreendido excomungar... Imaginem o tumulto que isso causou numa pequena cidadezinha, no interior do Brasil, onde a população, majoritariamente católica, ouviu a noticia e entendeu excomungar por exortar... Pobre do vigário até descomplicar...

Eu mesmo, no começo da vida acadêmica, passei por situações semelhantes... Muito usei de forma errada algumas palavras que ouvia – se por esse período já tivesse desenvolvido gosto pela leitura, não teria passado por tantas situações jocosas. Eis que uma delas foi “elucubrar”. Mas o que seria elucubração? Talvez uma forma de nação? Ou quem sabe de aviação ou televisão? Elucubrar poderia ser uma forma de se fazer cobranças, quem sabe? Um elucubrador bem poderia ser um eloquente cobrador. Ou ainda poderia ser um adjetivo elogioso: “aquele texto é muito interessante, seu autor é mesmo um elucubrado!”.

Um dia, depois de tanto fazer mau uso dessa palavra e passar por situações não muito agradáveis, resolvi pesquisar seu sentido. E o Aurélio me explicou que “elucubrar” nada mais é que realizar alguma atividade ou trabalho à noite utilizando luz artificial – ou seja, todos nós elucubramos todos os dias; embora, em sua definição conotativa – de refletir – poucos o façam.

Viram nada de mais, uma coisa bastante simples. Simples como tomar o cuidado de adaptar a linguagem ao público a fim de se fazer entender. Simples como pegar um dicionário para revisar uma palavra e evitar confusões. Mais simples seria se cada jovem, cada estudante brasileiro, sobretudo, assumisse a responsabilidade de dominar seu idioma; assim evitar-se-iam não somente confusões banais, como também outras bem maiores, que dizem respeito à cidadania – basta que elucubremos... 

Farias, M. S. "Quem fala como quer é entendido como der". Abril de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Transcender é possível...

A importância de conhecermos culturas diferentes da nossa. Quando nos permitimos limitar por um único conjunto de ideias, certamente deixamos de contemplar a beleza contida na diversidade cultural, é algo semelhante ao que ocorre no “Mito da caverna”, de Platão. Ao nos dispormos estudar outras culturas, depreendê-las, adquirimos maior capacidade de compreensão da realidade ao nosso entorno, como também ampliamos nossas habilidades de comunicação.

Normalmente, levamos pela vida inteira os conceitos e valores que aprendemos no âmbito familiar e que adquirimos durante nosso processo de formação crítico, dentre a infância e a adolescência. Estes conceitos e valores, evidentemente, estão alicerçados sobre nossas convenções culturais. Ao nos depararmos com ideias distintas, não raro há forte inclinação de agirmos intolerantemente. No “Mito da caverna”, Platão fala sobre indivíduos que passam a vida, geração após geração, acorrentados no interior de uma escura caverna, onde apenas alguns poucos raios de sol entram graças a uma pequena fenda, projetando sombras, abstrações do mundo exterior; os íncolas da caverna pensam que as pessoas do lado de fora são monstros, com anatomia muito distinta da sua. Eis que, um belo dia, alguém consegue escapar da caverna e contemplar a verdade, fica primeiro confuso, espantado, mas se adapta; decide, pois, retornar e instigar os seus a saírem de lá. É desacreditado ao contar o que viu, insiste, e acaba morto. Quando conhecemos outras culturas, com outros hábitos, outras ideias, é como que sairmos de nossas “cavernas” e vislumbrarmos a verdade, ou antes, nos aproximarmos dela; implica em nos desvencilharmos dos grilhões da ignorância, do preconceito, proporcionando uma melhor compreensão da realidade, do mundo à nossa volta.

Ao “abraçarmos” culturas diferentes colocamos em questão nossas verdades, passamos a compreender outras ideologias, outras formas de pensar que, em um primeiro momento, nos pareceriam absurdas; por exemplo, as superstições hindus; a culinária japonesa; a hierarquia e os costumes sociais de alguns países do Oriente Médio, onde a mulher ainda é tratada iniquamente – como bem expõem Åsne Seierstad em “O livreiro de Cabul” – et reliqua. Observar, comparar esses costumes aos nossos faz refletir sobre o quão aprazível ou desprezível podem ser aspectos de nossa cultura, de nosso próprio comportamento e mesmo sugerir uma mudança comportamental, uma evolução do espírito. Aliás, aprender significa mudar e isso nos permite uma melhor capacidade de comunicação, pois passamos a explorar a expressividade não apenas de nosso próprio idioma como o de outra cultura. Incorporamos ao uso da linguagem conceitual e visual elementos mais expressivos, mais abrangentes, agravamos nosso senso crítico, passamos a interpretar melhor fatos e circunstâncias. Adquirimos a capacidade de nos comunicarmos com o mundo, em diferentes níveis intelectuais, culturais e sociais. Dominar um segundo idioma é também produto ou meio de se conhecer outra cultura.

Desta forma, pode-se concluir que, ter contato com outras culturas, com conhecimentos e conceitos diferentes dos nossos proporciona conhecer melhor nossa própria realidade, reavaliar posicionamentos ideológicos, analisarmos mais criticamente o mundo a nossa volta. Douglas Adams faz interessante reflexão sobre isso em “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, através de sua personagem Arthur Dent. Em meio à diversidade cultural, ser capaz de compreender as diferenças é fundamental, é um meio de transcendermos a mesquinhez inata do ser humano de repudiar aquilo que está de encontro à suas opiniões, ainda que seja algo benéfico ou mesmo indiferente a sua existência, ou seja, nos tornamos capazes de compreender a subjetividade alheia. Além disso, nos recusarmos a ir além dos horizontes de nossa realidade é, como as personagens de Platão, viver de abstrações, de ilusão, de acordo aquilo que consideramos ser verdade e, ainda pior, é desestimularmos, obrigarmos gerações futuras a viverem nessa escuridão. Sobretudo hoje, em que vivemos a era da globalização, da fusão cultural, ser capaz de interpretar a realidade e comunicar-se com o mundo é indispensável tanto à vida pessoal quanto profissional.

          Farias, M. S. "Transcender é possível...". Abril de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Odeio-te o tanto que te amo

Quem dera, para felicidade dos eternos iludidos,
Que se pudesse amar sem odiar...
Atirar-se às rosas sem sofrer com os espinhos.

Que épico – ou seria eterno? – dilema dos homens...!
A simplicidade de uma vida em tons de cinza,
Reta, plana, cheia de normas,
Rígida feito um cálculo, livre da incerteza,
Dos entremeios, voltas e revoltas
Daquele mar espectral
De um raio ultravioleta
Que adoça o amargo da realidade,
Maquia defeitos e faz resplandecer qualidades
Ou o tal do amor?

Amor apaixonado é um ópio!
Constrói uma ponte de fino cristal
Sobre um pântano,
Mas quando vem o granizo...
Lá se vai se vai ponte e viandante
Mundo a baixo!

Ah...! Como é bom cair...
Cair na chuva de cristais
Aos braços, abraçando bem forte,
De quem amamos...
E deixar passar todo o resto...
Mas afinal, amar ou prosperar?

Ódio de amar!
Amo-te e olvido o mundo,
Perco o rumo e embaça o foco,
Lá se vão normas e “retilinidade” do caminho...

Odeio-te!
Odeio-te por te amar!
Caminho dualista que leva à conquista:
Insípido e apático, mas que sem amor
É intolerável...

Mas que confusão!
Os sentimentos compõem-se em círculo,
A começar pelo amor
E a terminar pelo ódio.

Ódio é amor em excesso...
É amor frustrado, tão grande
Que deixa de existir.

Amor e ódio, equidistantes,
Antônimos perfeitos,
Coexistentes inatos,
Separados por muito,
Ou por pouco,
Ou por muito-pouco...

Um não existe sem o outro,
Contrastantes, antagonistas.
Amando-te vivo sonhando,
Odiando-te vivo pensando-te.
Amo-te o tanto que te odeio.

Farias, M. S. "Odeio-te o tanto que te amo". Abril de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ética...

A ética. Muito se tem falado, ultimamente, de ética ou de sua falta. Não raro dizemos que a conduta deste ou daquele político é antiética, ou que a decisão de uma autoridade foi ética e moralmente desenvolvida. Podemos, com isso, afirmar que a ética existe desde sempre e que tem, dentre diversos outros, o papel de desenvolver e preservar a moral e pautar a vida em sociedade.
Pode-se dizer que, desde que haja a convivência de dois indivíduos, dentre eles deverá desenvolver-se um comportamento ético; alguns afirmam que a ética existe desde a criação do homem, estando representada mesmo na Bíblia Sagrada do cristianismo, ainda no Gênese, entre Adão e Eva, na forma da lei, da regra proibindo de se consumir do fruto da árvore do bem e do mal.
A ética surge, em primeira análise, do desenvolvimento de regras que irão pautar a vida em sociedade, definindo limites e/ou obrigações gerais. É, portanto, o fruto das convenções individuais e coletivas em relação uns aos outros. Em nossa sociedade, estamos subordinados a uma Constituição Federal, criada a partir do princípio da democracia e que tende a garantir a todos os cidadãos um viver digno. Respeitar, por exemplo, tais Leis é viver eticamente em relação ao Estado. Mas a ética é ainda mais complexa, pois engloba também outros conceitos tais como os religiosos, que norteiam seus adeptos no agir em relação a outrem.
É possível que consideremos que a ética fiscaliza a moral e vice-versa, já que o termo moral nasceu da tentativa romana de traduzir o termo grego éthos. Em uma conceituação bastante simplória, moral seria o senso de certo e errado, de bem e de mal, gerado pelo senso de ética, isto é, a ética nos diz o que devemos/podemos fazer ou não fazer, a moral nos informa se isto é correto, se devemos ou não burlar alguma regra. Um exemplo disso é que matar é moralmente errado, porém, em tempos de guerra, os soldados têm o dever ético para com a Pátria de defender seus ideais, mesmo que para tanto seja preciso matar; isto é moralmente errado, porém, eticamente aceitável. Embora circunspecto, o exemplo ilustra bem o que deseja-se referir.
Portanto, podemos concluir que, para ser viável a convivência entre dois indivíduos ou grupo de indivíduos, faz-se necessário um conjunto de regras que lhes norteiem, impedindo que um infrinja os direitos do outro. Com o estabelecimento dessas normas, quer seja de forma imposta ou surgida naturalmente, advém também o senso moral, que indica o caráter de nossas ações. Poder-se-ia sintetizar ética em duas questões pessoais: “eu quero?”, “eu posso”; e moral em apenas uma que complementa as duas outras: “eu devo?”.

Farias, M. S. "Ética...". Abril de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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