domingo, 29 de janeiro de 2012

Conheces Paloma San Basilio?

Paloma San Basilio é considerada uma das cantoras mais representativas da Hispanoamérica e também do mundo. Nascida em 22 de novembro de 1950, em Madrid, Espanha, proprietária de uma voz incomparavelmente linda, iniciou sua brilhante carreira artística por volta dos 23 anos, quando foi escolhida apresentadora de um programa televisivo. Em 1975, aos 25 anos de idade, Paloma lança seu primeiro LP, intitulado “Sombras”. No ano seguinte grava seu segundo LP, produzido por Bebu Silvetti, nomeado “Donde Vas”.

Em 1978, Paloma lança o LP “En Directo”, gravado no Teatro Monumental de Madrid, cuja música “Beso a beso, dulcemente” foi um de seus maiores sucessos em vários países da América.

Em dezembro de 1980, podemos dizer que Paloma realizou uma façanha, sua atuação no musical “Evita” foi tão esplêndida que não somente expandiu sua fama, como também tornou tal musical mais reverenciado em sua voz do que o original da Broadway. Em muito tempo ninguém havia conseguido brilhar tanto numa atuação a ponto de embotar o brilho de um original da Broadway. Este musical permaneceu em cartaz no Teatro Monumental de Madrid por dois anos. Paloma foi ainda agraciada com o prêmio “ABC de ouro” por sua interpretação na ópera “Evita” em 1981, ano em que também gravou um disco chamado “Ahora”.

Em 21 de junho de 1983, Paloma realizou uma turnê de seis meses pela América Latina e Estados Unidos com a ópera rock “Evita”, conquistando críticas reluzentes e êxito de público em todas as apresentações, isto consagrou Paloma como a mais importante cantora de origem hispânica.

Em 1985 gravou um de seus mais relevantes álbuns, intitulado “En Vivo”, o qual lhe rendeu dois discos de Platino em vários países. Continuou gravando discos que, mais tarde, lhe renderam discos de Platino na Espanha e em outros países. Em 1988, junto ao grupo chileno "Quilapayún”, grava no histórico Anfiteatro Romano de Mérida um concerto, “A sinfonia dos três tempos da América”, do autor Luis Advis.

Paloma San Basilio cantou junto a outros grandes nomes da música como, por exemplo, José Carreras e Plácido Domingo. Com este último gravou no “Miami Arena” um DVD em 1991, que também foi editado em CD intitulado “Por fin Juntos”, este concerto alcançou vendas multimilionárias, teve um público de 16 mil espectadores, considerado uma das maiores conquistas de sua carreira, recebendo premiações em diversos países, além de indicações ao Grammy Latino e ao Grammy de Melhor Álbum.  Participou de um concerto com José Carreras no ano de 1996, na cidade Bogotá, no estádio “El campín”, obtendo um público de mais 30 mil espectadores.

Em janeiro de 2007, Paloma publica um novo álbum, chamado “Inverno Sur”, o qual marca seu ingresso no estilo musical do smooth jazz e também do bolero. Em 2008, em parceria de seu amigo, o renomado maestro Luis Cobos, regente da Orquestra Sinfônica da Europa, lança o CD e DVD “Encantados”.

Ao longo de seus 35 cintilantes anos de carreira, Paloma San Basilio apresentou-se nos mais renomados palcos do mundo, atuou ao lado de grandes nomes da música, sendo possuidora de uma grande versatilidade de estilos, cantando desde música lírica (o que faz divinalmente), até ritmos como jazz. Laçou mais de 30 mil discos, sendo a maioria destes de ouro e platina.

Paloma foi laureada com os títulos mais relevantes do mundo da música e do espetáculo, dentre eles salienta-se:

  • Prêmio Antorcha de Plata, do Festival de Viña del Mar, em 1983 e 1986;
  • Oscar de Ouro da XVI Edição do Ranking Internacional de Prestígio;
  • Prêmio C.E.M.I, em Porto Rico à Melhor Cantora Internacional;
  • Prêmio “Bravo” de Miami (EUA), à Melhor Cantora, 1985, 1989;
  • Prêmio A.C.E, Artista Internacional do Ano de 1985, e em 1989;
  • Chave de Ouro, nas cidades de New Orleáns, Miami e Hialeah (EUA) em 1985;
  • Prêmio America’s Award no “Caesar Palace” de Las Vegas. (1989);
  • ABC de ouro. (1989);
  • Prêmio “Microfone de Ouro 2006”, da Associação R.T.V.E;
  • Membro Honorífico das Artes da Universidade Alcalá de Hernandes de Madrid. (1985);
  • Prêmio Latin Recording Award, em Valladolid. (2006);
  • Grammy a Excelência Musical (em homenagem a toda a sua trajetória artística), no histórico Rainbow Room de New York, concedido pela Academia Latina de Artes e Ciências da Gravação.


(Este artigo é baseado em informações do site da própria cantora,  http://www.palomasanbasilio.net/)

Farias, M. S. “Conheces Paloma San Basilio?”. Janeiro de 2012. www.livredialogo.blogspot.com
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Já fomos bem mais inteligentes...

Recentemente, o jornalista Carlos Nascimento do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), iniciou o telejornal observando:

“Ou os problemas brasileiros estão todos resolvidos ou nós nos tornamos perfeitos idiotas. Porque não é possível que dois assuntos tão fúteis possam chamar a atenção de um país inteiro. Primeiro, um programa de televisão em que se discute um estupro, que por si só, já é um absurdo, negado pelos protagonistas. Segundo, uma pessoa que ninguém conhece vira uma celebridade da mídia, somente porque seu nome apareceu milhões de vezes na internete. Luíza já voltou do Canadá, e nós já fomos mais inteligentes!” (Carlos Nascimento).

Há muito nossa sociedade acomodou-se de forma tal que deixou de avaliar com sensatez o grau de relevância e de qualidade das informações. Ao passo que um país inteiro se volta a discutir sobre esse suposto caso de estupro e sobre esta menina (Luíza), o Senado Federal continua funcionando, debatendo leis e medidas que nos afetarão de todas as formas. E nós eleitores que deveríamos estar sempre acompanhando o labor de nossos políticos deixamos passar por despercebido os atos destes.

Sabemos queixar-nos da corrupção, mas o que fazemos além de criticar? Nada. Se ao menos nos organizássemos de forma a protestar em favor de um ideal para por fim a essa libertinagem política da mesma maneira que torcemos por um time de futebol; com a mesma atenção que damos ao Big Brother; com o mesmo afã pelo carnaval e coisas afins, teríamos, quiçá, uma política com mais equidade, ética e moral; políticos que cumprissem com seu papel trabalhando em prol dos interesses do povo brasileiro e não em benefício próprio.

Urge a necessidade de que tenhamos uma educação melhor, mais cultura, mais capacidade analítica. Precisamos de educação de qualidade. Precisamos de jovens que tenham interesse pelo estudo, pela cultura, pelo seu futuro, pelo porvir da pátria. Um país que tem educação de qualidade e jovens bem formados tende a prosperar, nunca o contrário. Todavia, precisamos parar com este pseudo-moralismo, com esta visão deturpada de “politicamente correto”.

Ante nós há uma cortina de fumaça que nos impede de ver o que se passa realmente no campo político. Essa cortina é constituída de informações tais como essas mencionadas pelo jornalista, que ganham tanto destaque a ponto de ofuscar o que realmente merece atenção. Que esta crítica feita por Carlos Nascimento sirva-nos para alertar da realidade e do que realmente necessita ser observado e do que precisa ser deixado de lado.

A juventude representa a segurança de um futuro à humanidade, é peça fundamental de toda a sociedade. Hitler sabia disso a ponto de criar e obrigar a participação de crianças e jovens das instituições da Juventude Hitlerista que pregava e ensinava o ideal abominável desse personagem dantesco da história mundial. Todavia, isso indigita o grau de relevância da juventude no contexto social global. Porquanto, se faz necessário que a educação dos adolescentes seja a melhor possível e, que seus sensos analíticos sejam bem desenvolvidos para não se deixarem manipular.

A televisão brasileira precisa investir em programação de qualidade, que leve cultura aos telespectadores, programas estes que sejam exibidos em horário nobre. A Rede Globo, por exemplo, põe os programas educativos em horários praticamente proibitivos. O Galpão Crioulo além de ser exibido unicamente aos domingos é transmitido às 06h25min; outros programas, a exemplo do Globo Educação, são transmitidos nessa faixa de horário, muitas vezes com duração inferior a 60 minutos. Não obstante, futilidades do gabarito do Big Brother Brasil e novelas são transmitidas em horário nobre com duração considerável.

Fica claro que o objetivo não pode ser outro do que o de “emburrecer” o telespectador. Só se vê influenciar de uma forma ou outra ao consumo de bebida alcoólica; ao uso de violência;  condutas imorais, antiéticas, de desrespeito ao ser humano.

Onde está o incentivo à Literatura, à boa música, à Arte, à cultura, à educação?

“A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida”. (Sêneca).

“Os jovens são o futuro da nação, a educação o futuro dos jovens.” (Farias, M. S.)

     Farias, M. S. “Já  fomos bem mais inteligentes...”. Janeiro de 2012. www.livredialogo.blogspot.com  
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Leer está en la moda!

   Recebi este vídeo há algum tempo de uma professora de Língua Espanhola, ele realiza uma sátira bastante criativa com relação a tecnologia, já que hoje os avanços tecnológicos são tantos que nos disponibilizam inúmeros recursos, a exemplo dos e-book's e tabletes que nos permitem fazer o download de livros e, sem peso levar uma biblioteca inteira para onde quisermos. Não obstante, existe ainda quem prefere sentir a textura das páginas, o aroma de livro novo...
  Para os que não compreendem espanhol, há abaixo uma tradução livre, realizada por mim do conteúdo do vídeo. 


  "Oi! Apresentamos o novo dispositivo de conhecimento via óptico, organizado, de nome comercial 'Book'.
'Book' é uma revolucionária ruptura tecnológica, sem cabos, sem circuitos elétricos, sem bateria, sem necessidade de conexão. Compacto e portátil ‘Book’ pode ser utilizado em qualquer lugar. Ao não necessitar de energia elétrica não precisa ser recarregado, podendo ser utilizado tanto tempo quanto for necessário, ainda que não se disponível uma tomada elétrica.   
'Book' nunca se trava. 'Book' nunca precisa ser reiniciado. Simplesmente tens que abri-lo e começar a desfrutar de suas enormes vantagens.
Assim é como funciona: 'Book' está construído com folhas de papel, numeradas sequencialmente, cada uma das quais é capaz de armazenar milhares de bits de informação. Cada página é digitalizada opticamente, registrando a informação diretamente em teu cérebro. Uma simples virada de dedos nos leva a página seguinte. As folhas se mantêm unidas mediante um dispositivo de costura chamado carpeta que as mantém em sua ordem correta. 
 Graças à tecnologia do papel opaco, os fabricantes podem utilizar ambas as faces duplicando a informação e reduzindo custos. 
 A maioria dos 'Book' incluem uma função de índice, sem a qual a localização de exata de qualquer informação selecionada para sua imediata recuperação ficaria difícil. O acessório opcional marca páginas, permite abrir o 'Book' no ponto exato em que foi deixado na sessão anterior. Inclusive se o 'Book' foi fechado.
 Os marca páginas se ajustam a configurações internacionais, de modo que um mesmo marca páginas pode ser utilizado em 'Book's' de diferentes fabricantes. Além disso, diversos marca páginas podem ser utilizados em um mesmo 'Book', caso o usuário deseje armazenar várias páginas de uma vez só.
 Também é possível fazer notas pessoais junto às entradas de texto de 'Book' mediante o uso de uma simples ferramenta de programação: a lapiseira.
 O dispositivo 'mãos livres', também conhecido como atril, permite a correta colocação de 'Book' para sua cômoda leitura, sem necessidade de utilizar as mãos. Se precisar virar a página, uma simples sacudida de dedos é suficiente. 
 'Book' é um produto respeitoso com o meio-ambiente, já que está composto unicamente de materiais cem por cento recicláveis.
 Portátil, durador e acessível, 'Book' está sendo recebido como o precursor de uma nova onda de entretenimento.
 Bem-vindo a era que mudará tua maneira de ver o mundo. Bem-vindo a experiência 'Book'". 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Resenha do livro "Papisa Joana", de Donna W. Cross.

Cross, Donna Woolfolk. Papisa Joana. São Paulo, Geração Editorial, 2011. 491 p. 3ª ed. Tradução de Paulo Schmidt.

Em uma época onde o pensamento lógico era tido como ilógico e a fé como única fonte certa de sabedoria; onde a palavra mesmo que exata de cientistas, filósofos e pensadores pagãos era tida por diabólica e inválida e, a mulher tratada como um ser sem alma, destinada a passar vida tratada como um trapo, ou como uma criança sem controle sobre si. Uma era onde a ignorância imperava e apenas o clero tinha direito a educação, ainda que poucos destes fossem letrados. Em plena Idade das Trevas, nasce uma mulher, destinada a ser grande, Joana de Ingelheim, luta contra todos os costumes de sua época; uma erudita mulher que herda o Trono de São Pedro, o mais alto cargo da Igreja Católica, o mais poderoso e antigo de todos os tempos, fonte de disputas políticas. João Ânglico, ou Papa João VIII, como era chamada Joana, mudou não somente a face, mas muitos dos dogmas da Igreja e operou o que podemos chamar de uma revolução do pensamento cristão.

No mesmo dia em que morreu Carlos Magno, em 28 de janeiro de 814, nasce no povoado de Ingelheim, uma criança do sexo feminino, filha de um cônego e uma mulher pagã; seu nome era Joana. Desde muito cedo Joana mostrava ser dotada de um grande intelecto, uma inteligência sem par, que com exceção do perverso cônego, era percebida por seus dois irmãos: Mateus – o mais velho – e João – o do meio. Nossa protagonista consegue que seu irmão Mateus a ensine a escrever e, mais tarde a ler, tudo às esconsas para não serem descobertos pelo colérico pai.

Mateus morre e o cônego, então, ordena que João siga os estudos, embora sendo este burro e incapaz de aprender, ao contrário de Joana que tenta se oferecer para prosseguir no lugar no irmão falecido, mas em resposta recebe uma violenta agressão.

O tempo passa e, em determinado dia um convidado do cônego, um padre grego de nome Asclépio, após descobrir o talento de Joana, decide educá-la. O cônego a principio se opõem inflexivelmente, mas por fim consente sobre a condição do filho João também ser educado. Asclépio reconhece que João não tem talento, mas para poder lecionar à Joana acaba por assentir.

Decorridos dois anos, Asclépio volta à Constantinopla, mas assegura a Joana que dará um jeito para que ela prossiga seus estudos, antes de partir a presenteia com um livro de Homero, o qual ela guarda em segredo. Um dia seu pai a encontra lendo durante a noite, escondida, o tal livro. Cego de cólera acusa Joana de bruxaria. Quando desfeito o mal entendido, como punição ele a faz apagar todo o livro para reutilizar o pergaminho, mas ela se recusa é açoitada terrivelmente. O cônego quase a mata.

Depois de certo tempo, surgem emissários do bispo de Dorstadt, convocando Joana para estudar na escola da catedral. O cônego diz tratar-se de um engano de escrita e, ao invés de Johanna, ser Johannes, seu filho. Joana foge na calada da noite e vai estudar em Dorstadt.

Durante o tempo que lá permaneceu ficou alojada à casa do conde Gerold e sua família. Joana passa por incontáveis humilhações na escola. E, um dia, Richeld, mulher de Gerold, enciumada pelo afeto de ambos, decide casá-la a força, obrigando-a a parar com os estudos. No dia do casamento, a igreja é atacada por nórdicos, e a população da cidade chacinada. Joana sobrevive, decide então passar-se pelo irmão morto – João – e, ir para o monastério de Fulda. Gerold estava numa campanha do imperador, longe de Dorstadt.

Passam os anos e Joana, agora João Ânglico, torna-se um monge notável, um excelente médico. Joana aproveitou sua nova identidade sem as privações de outrora e expande seus conhecimentos, tornando-se uma célebre erudita. Um dia, recebe a notícia que seu pai a estava esperando – viera visitá-la, ou melhor, a João. Ela reluta, mas caba indo encontrar o pai. Disfarçando a voz e embuçando-se, ela dialoga com ele, reporta o acontecido e recebe o relato da morte trágica de sua mãe ao dar a luz. O cônego exora que ela interceda por ele junto ao Rabino de Fulda para que ele vá à missão de converter fiéis à saxônia; ao agarrar-se nela para implorar, ambos caem no chão e ele vê que João é na verdade Joana. Praguejando-a, ele dirige-se à porta para relatar o fato. Seria o fim de Joana se fosse descoberta. Um magote de monges se reúne ao pátio, mas quando o cônego tenta falar, morre vítima de um enfarto.

Joana a certa altura é acometida de uma peste, cujo tratamento no monastério de Fulda exigia que ela fosse despida e coberta por um lençol encharcado de água. Para fugir ao tratamento e não ser descoberta, Joana foge num barco, no qual, após entrar acaba desmaiando. Acorda em uma casa, despida das vestes de sacerdote e trajada como mulher. Apavora-se. Para sua sorte, estava na casa de Arn, a cuja família ela ajudara no passado, como monge. Ele e a família prometem guardar segredo, e ajudam Joana, novamente trajada de João, a fugir para Roma. Antes de partir, entrega à filha de Arn, Arnalda, um medalhão de madeira, feito por seu irmão Mateus, com a imagem de Santa Catarina e, pede para que a menina receba instrução.

Em Roma, João Ânglico se destaca pelas habilidades médicas e, é chamado para tratar do Papa Sérgio II. Joana permanece como médica da Casa Papal até a ascensão de Leão IV ao Trono de São Pedro. A essa altura já havia reencontrado a Gerold e, sido elevada ao cargo de nomenclator da Casa Papal.

Após a morte de Leão IV, Joana que já era muito popular entre os fiéis, é aclamada Papa. Passa por inúmeros conflitos de ordem política com os demais bispos e seu arquirrival, o terrível bispo Arsênio, cujo interesse era assumir o Trono Papal a qualquer custo.

Joana causa muita polêmica entre o clero ao criar uma escola para meninas e, ao interagir diretamente com a população romana, inclusive pelo fato de agir sempre de maneira lógica, racional, deixando de lado os dogmas da Igreja.

Joana acaba por engravidar de Gerold, que ao saber da notícia pede que ela fuja com ele, para viverem como pessoas normais, longe de Roma, afinal, ninguém sabia que o Papa João VIII era na verdade Joana de Ingelheim.

Ela pede que ele aguarde até o fim da Páscoa.

Arsênio, de volta a cidade sob proteção do imperador Lotário, trama a queda de Joana e, a toma do Trono Papal pelo emprego da força e a proteção de Lotário.

Durante uma procissão, um grupo de arruaceiros, em meio à multidão que ovacionava Joana, começou a atirar pedras no cavalo da papisa, Gerold sai em captura deles, mas é pego numa emboscada por vários homens. Ele luta com garra, mas acaba sendo morto. Joana percebe o ocorrido.  Sentindo fortes dores, ele apeia, e se dirige ao local onde jazia o corpo inerte de Gerold; ela tenta salvá-lo, mas já era tarde. Arruma o cadáver para que seja transladado à igreja para ter um enterro digno.

Joana, de repende, sente dores ainda mais fortes, tonteia e cai no chão. A multidão se alvoroça e os guardas têm de intervir. Joana percebe que estava a conceber quando sente uma poça de sangue sob ela. Alguns padres gritam que o Papa estava possuído. Mas quando veem uma criança emergir, percebem que o papa era uma mulher. Joana no parto, assim qual a criança, acaba por morrer.

Seu papado foi anulado. Arsênio tomou o trono de São Pedro com apoio do imperador, mas não conseguiu reinar. Uma revolta popular se instaurou, Lotário percebendo que também perderia sua popularidade ao apoiar o antipapa Arsênio, retira sua proteção. Ele é destituído e Bento II eleito papa.

Muitos anos depois, na casa dos oitenta anos, Arsênio encontra um jeito de se vingar de sua maior inimiga: Joana. Ele escreve o Liber pontificalis, uma crônica de todos os papas, todos, exceto Joana.

O bispo Arnaldo da catedral de Paris fica encantado e pede para duplicar o livro e, o faz pessoalmente. A cópia ficou perfeitamente fidedigna, exceto por uma coisa: Arnaldo adicionou o papado de Joana. O que o motivou? Um sentimento de débito, talvez. Já que bispo Arnaldo era, na verdade, Arnalda, filha de Arn, a quem Joana ajudara. A cópia foi arquivada na biblioteca da catedral, na esperança de alguém, algum dia, o encontre e descubra toda a verdade sobre a existência de uma Papisa.

Se Joana realmente existiu, não se sabe ao certo. Nada relativo ao século IX é preciso, haja vista que muita coisa era manipulada, extraviada. Segundo Donna, há provas de que Joana existiu, dentre elas muitos costumes que foram alterados com relação ao pontificado depois de 855, quando Joana morreu, o argumento mais forte sobre sua existência, seja talvez, uma nota escrita em 1486, pelo bispo de Horta João Buckardt, em seu diário na qual diz:

Tanto na ida quanto na volta, [o papa] passou pelo Coliseu e por aquela rua reta onde [...] João Ânglico deu à luz uma criança [...] Por essa razão [...] os papas, em suas cavalgadas, nunca passam por essa rua; o papa foi destarte censurado pelo arcebispo de Florença, pelo bispo de Massano, e por Hugo de Bencii, o subdiácono apostólico [...] (parte da nota da autora, extraído do próprio livro, página 487).

Papisa Joana é um romance encantador, a história de uma mulher forte, destemida, metódica, pragmática, erudita que lutou contra toda uma sociedade e contra si mesma em busca de realizar o seu grande sonho. Recomendo esta obra a todas as pessoas que apreciam uma boa literatura, que encanta, fascina, faz com que o leitor mergulhe na história, ou seja, que envolve.

Donna Woolfolk Cross recebeu seu diploma de bacharel em Inglês pela Universidade da Pensilvânia em 1969. Ela trabalhou como assistente editorial em Londres, na Inglaterra, para a empresa de publicação WH Allen and Company. Voltou aos Estados Unidos, onde trabalhou para a empresa Young & Rubicam, também de publicação. Retomou os estudos e graduou-se como mestre em Literatura, em 1972. Mais tarde Donna tornou-se escritora em tempo integral e já publicou em torno de quatro livros de não-ficção e um romance. 

        Farias, M. S. “Resenha do livro 'Papisa Joana', de Donna W. Cross”. Janeiro de 2012. www.livredialogo.blogspot.com 
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Educação: um direito e dever de todos.

A educação brasileira enfrenta sérios problemas, ao que parece nossos políticos não se preocupam com a qualidade educacional do país, tudo gira em torno da política, da disputa de lugares no Senado, ou melhor, de salários elevados que fazem a acirrada disputa entre os partidos políticos brasileiros. Só vemos falar de melhorias na educação e em outras áreas em época de período eleitoral, ora claro, que nesses momentos, todo argumento em troca de votos é válido, no entanto, depois de eleitos, seja pelos empecilhos políticos, seja por um surto de “amnésia”, não vemos esses políticos realizarem significativas mudanças na qualidade de ensino (ao menos para melhor).

Independentemente de posição partidária ou de filosofia política, reconheçamos que o Exame Nacional do Ensino Médio, implantado por Paulo Renato Sousa é um meio através do qual, pode-se avaliar a qualidade do ensino nas escolas e, assim, buscar melhorá-lo – ao menos em tese, a julgar pelos escândalos envolvendo tal probatória e a inércia governamental com relação à melhora da estrutura e da qualidade educacional pública.

Não podemos colocar sobre os ombros dos professores toda a responsabilidade pela qualidade de ensino, afinal de contas, muitas escolas estão sucateadas, necessitando de reformas e de equipamentos que auxiliem nas aulas e ofereçam ao professor recursos para que este possa realizar um trabalho mais dinâmico e de maior qualidade, além de melhores salários a esses mestres.

Acredito que, para construirmos um Brasil melhor é necessário acima de tudo investir em qualidade de ensino, pois uma sociedade com educação tende a prosperar nunca o contrário. Não obstante, o que infelizmente se observa é que a meta do governo é tornar o Brasil um país economicamente desenvolvido e educacionalmente falido. Nada farão nossos governantes enquanto a avidez lhes falar mais alto que a vontade de trabalhar. Só nos resta exercemos nossa cidadania com mais seriedade, e cobrando de nossos eleitos resultados, que façam por merecer os salários homéricos que recebem dos cofres públicos.

Igualmente, os mestres não podem deixar esmorecer a sua vontade de lecionar e legar o conhecimento, de desenvolver o senso analítico de seus educandos. Para que a nossa educação mude para melhor é necessário que todos estejamos engajados nessa causa: governo, professores, alunos, enfim, a sociedade. Certo que lutem os mestres por uma remuneração mais digna, mas que jamais deixem a educação sucumbir enquanto digladiam. Quando optaram pela profissão de ser professor, acredito, fizeram-no por convicção; pelo desejo de formar cidadãos, de formarem mentes inteligentes. Acima de tudo há o profissionalismo e o comprometimento para com a sociedade, de transmitir o saber da forma mais completa, ampla e dinâmica capaz. Não permitam que a ambição financeira se aposse de vós, pois nada de apreciável ou digno é feito quando a avidez fala mais alto que o desejo de trabalhar. 

De que adianta criticarmos as ações alheias se as nossas principiarem, mesmo que minimamente a se espelharem ou assemelharem a de nossos censurados?



Farias, M. S. "Educação: um direito e dever de todos". Janeiro de 2012. www.livredialogo.blogspot.com

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ONU na lutra contra a fome.

  Um dos grandes problemas globais que enfrentamos atualmente é a fome. A renda mal distribuída, os efeitos de uma colonização extrativista e escravagista, dentre outros fatores socioeconômicos colaboraram ao longo da história para a triste realidade de muitos países, como, por exemplo, a África, assolada lamentavelmente pela miséria. É difícil e ao mesmo tempo lamentável ver imagens daquele povo sofrido, muitas vezes em condições catatônicas, assolado pela fome.

  Talvez seja na África um dos casos mais sérios de fome, no entanto, outros países sofrem também com esse problema. No Brasil, programas governamentais visam tirar famílias da miséria extrema e garantir que estas possam se alimentar. Seja como for, acredito que seja esse o problema mais grave da humanidade e, que necessita de urgente solução, pois a cada momento falece um indivíduo em algum lugar do mundo por inanição. 

  Vemos tanto dinheiro gasto com futilidades, governantes corruptos ganhando milhões e pessoas morrendo de fome por não ter um centavo; um verdadeiro contraste socioeconômico.
  Recebi certa ocasião um e-mail de uma amiga falando sobre a história de um fotógrafo que foi trabalhar na África e, que em certo momento, antes de retornar ao seu país, presenciou nas proximidades de uma base militar dos Estados Unidos, uma criança africana, raquítica, rastejando rumo à base, possivelmente em busca de ajuda; há alguns metros da criança, havia corvos esperando que ela desfalece-se para se alimentarem. Alguns meses depois que retratou essa cena, o tal fotógrafo entrou em profunda depressão e acabou se suicidando em seu apartamento.

  Por aí e possível, infelizmente, se ter uma ideia da situação em que se encontra essa pobre gente.

  Subjetivamente, rogo a Deus que ampare a essas pessoas que vivem em tão críticas condições e torço para que um dia esse problema acabe.

  Concordo com o escritor lusitano José Saramago que dizia o seguinte: "penso que estamos cegos, cegos que veem, cego que vendo, não veem". Torçamos para que o brasileiro José Graziano da Silva de 61 anos, eleito diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês), faça um bom trabalho nessa lutra contra a fome. 


            Farias, M. S. “ONU na luta contra a fome”. Junho de 2011. www.livredialogo.blogspot.com 
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domingo, 8 de janeiro de 2012

Legalização da maconha? Nunca, jamais!

  Dentre todas as mazelas de nossa sociedade, vivemos imersos em um caos provocado pelas drogas. Hoje uma das guerras mais árduas que os governos mundo a fora enfrentam é o combate ao uso de drogas, no Brasil já existem o que se denomina popularmente como "cracolândias", pontos de venda e consumo excessivo de entorpecentes, onde macanha comparada a drogas piores, como o crack e o oxi é considerada "petisco". O inverossímil da situação é que, mesmo sendo contra a Lei o consumo e apologia a estes entorpecentes, há defensores da Lei que autorizam marchas pela liberação do consumo de maconha, alegando ser parte do direito de expressão. Fazendo uso do raciocínio do repórter Flávio Tavares, do periódico "Zero Hora", que redigiu uma reportagem intitulada "A má e a boaconha" - a qual serve de base a esta composição -, questiono: não há na interpretação desses defensores, um conflito de Leis? Pois que, se é proibida a apologia e a propaganda a crimes, sendo o consumo de maconha - assim qual de outras drogas, diga-se de passagem - um crime, não é contra a Lei realizar essas manifestações em prol da maconha?

  Acredito que não fere direito de expressão algum vetar toda e qualquer manifestação a favor da legalização do consumo de maconha, pois hoje será a maconha, amanhã o crack e por aí segue interminável lista de substâncias nocivas à saúde, cujos rendimentos fomentam o crime organizado que empesta comunidades, como as favelas em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo.

 Reclamamos demasiadamente de nossos governantes, com razão, diga-se de passagem, todavia, continuamos a reeleger essas pessoas, mesmo tendo ciência de seus atos muitas vezes duvidosos. Como disse Joseph de Maistre: "Cada povo tem o governo que merece ter", mas até quando iremos deixar que esse descaso para com o povo por parte de nossos governantes prossiga? Enquanto deputados, senadores, vereadores e a própria Presidente da República recebem salários homéricos, professores e trabalhadores que desenvolvem trabalho verdadeiramente acerbo, seguem a receber honorários módicos. É hora de levarmos o voto mais a sério, de escolhermos nossos eleitos com mais gravidade e senso crítico.

  As Leis existem por algum motivo, não nasceram do acaso, conquanto que sejam retrógradas ainda assim têm de serem obedecidas. Em caso se deverá legalizar o consumo dessas substâncias. Como disse Tavares, o governo apoia as marchas pela legalização da maconha, mas reluta em conceder acesso pleno aos documentos secretos que narram a história verídica de nosso país.

  Infelizmente, há muito nossa sociedade deixou de levar a sério tudo aquilo que se refere a bom-senso e passou a julgar apenas no conotativo ignorando o literal. O Brasil é um dos países mais ricos do mundo e, é uma desdita aproximar-se da constatação de que seu povo acomodou-se ao longo de sua história, não luta por seus ideais, deixa-se levar pelo consenso de "popular", basta ver a invasão cultural estadunidense em que nos encontramos, prova que não damos valor a nossa tão fecunda e diversificada cultura.
  
 Farias, M. S. “Legalização da maconha? Nunca, jamais!”. Junho de 2011. www.livredialogo.blogspot.com 

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A Pátria.

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! Não verás nenhum país como este!
Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.

Vê que vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com seu suor a fecundam e umedecem,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! Não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!

Olavo Bilac. 

Literatura de Cordel.

Literatura de Cordel
É poesia popular,
É história contada em versos
Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.

A capa é em xilogravura,
Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeira
Um desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.

Ou pode ser um desenho,
Uma foto, uma pintura,
Onde o título resume
O que diz a escritura;
É uma bela tradição
Que exprime nossa cultura.

Os folhetos de cordel
Nas feiras eram vendidos
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.

A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.

Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,
Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.

O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra,
Que luta pra que um dia
Acabem a fome e miséria,
Haja paz e harmonia.

Texto de Francisco Ferreira Filho Diniz.

O fim dos professores.


Diálogo Livre.
O ano é 2.209 D.C. - ou seja, daqui a duzentos anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:

– Vovô, por que o mundo está acabando?

A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem à resposta:

– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.

– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?

O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.

– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?

– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.

– E como foi que eles desapareceram, vovô?

– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa... Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não ia os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. Os professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de ideias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.
Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.
Ah, mas teve um fator chave nessa história toda. Teve uma época longa chamada ditadura, quando os milicos colocaram os professores na alça de mira e quase acabaram com eles, que foram perseguidos, aposentados, expulsos do país, em nome do combate aos subversivos e à instalação de uma república sindical no país. Eles fracassaram, porque a tal da república sindical se instalou, os tais subversivos tomaram o poder, implantaram uma tal de “educação libertadora” que ninguém nunca soube o que é, fizeram a aprovação automática dos alunos com apoio dos políticos... Foi o tiro de misericórdia nos professores. Não sei o que foi pior – os milicos ou os tais dos subversivos.

– Não conheço essa palavra. O que é um milico, vovô?

– Era, meu filho, era não é. Também não existem mais...

Autoria Desconhecida.

Mulheres e Flores.

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Retificação: a real autoria da poesia é de Lôbo Da Costa, autor pelotense do século XIX.

Jovem, o pilar do porvir.

“Na juventude deve-se acumular o saber. Na velhice fazer uso dele”. (Jean-Jacques Rousseau).
Há longa data os jovens são observados como o futuro da humanidade, o pilar de mudanças que hão de direcionar os rumos sociais em direção ao pleno. Durante séculos a imagem dos jovens foi deveras valorizada, sendo sua conduta pautada pelos valores da ética, da moral, pelo pudor, comedimento, diligência, equidade e educação.  Quando estudantes tinham por parte da sociedade uma valorização mais acentuada, frisando o valor da educação e do próprio indivíduo qual instrumento de idear uma sociedade melhor.
O jovem sempre teve um relevante papel na história das sociedades, é ele o instrumento de renovação e preservação da espécie do Homo Sapiens, mantenedor de tradições e costumes, de transmitir o legado de seus predecessores. É dele a tarefa de arquitetar o porvir político da sociedade.
Sócrates dizia que o elemento mais importante de um ser humano é seu caráter, destarde, ressalta-se a importância da formação adequada do caráter de um ser juvenil.
“O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu caráter”. (Sócrates)
Durante muito tempo as famílias preparavam os jovens para o seu futuro profissional de forma bastante severa, os valores morais, religiosos e outros tantos que regem a vida em sociedade eram legados e praticados com apuro. A educação era elemento primordial da formação do jovem, a exigência de que tivessem um conhecimento erudito e reflexivo assim como um ideal de honra a ser preservado levavam a formação de um caráter agudo, de um indivíduo responsável, determinado e esclarecido.
Ao decorrer da história do Brasil, por exemplo, observamos em várias circunstâncias a atuação, muitas vezes determinante, dos jovens. Podemos citar aqui o movimento das Diretas Já, que ocorreu durante a Ditadura Militar no século pretérito (XX), e o movimento dos “Caras-Pintadas” o qual exigia a deposição do então presidente Collor de Melo, que sofreu inúmeras denúncias de corrupção.
Essas ações denotam a qualidade da formação rígida e do pensamento crítico arduamente trabalhado durante a juventude dessas pessoas que, seguramente, tornaram-se adultos responsáveis. Muito embora, não podemos idealizar seres perfeitos, haja vista que, à política atual, os jovens de outrora, hoje adultos, frequentemente são expostos pela mídia pela ausência de valores éticos e de caráter. Em algum momento durante a transição de uma fase da vida para a outra, ocorre esse corrompimento, quiçá, ocasionado pela ganância, pela avidez desenfreada.
À sociedade contemporânea, a forma qual agem e trajam alguns jovens, ou grupo destes, indigita uma contraposição aos hábitos triviais, impostos pela formalidade social, que há décadas pauta-se por uma moral em tons sóbrios, pudicamente discreta ao agir. Tal comportamento juvenil possui um aspecto de apelo por singularidade e atenção, um meio de dizer: “hei, eu existo!”. Quando não motivados por esse intuito, em tons escuros trajando e maquiando, saem à rua utilizando o corpo e o comportamento numa manifestação de protesto contra conceitos e valores por eles observados como obsoletos
Todavia a formação coeva dos jovens não seja a mesma, tampouco a forma de proceder em relação aos jovens do século passado, sua significância em relação ao futuro perpetua constante.
São os jovens os pilares do futuro das sociedades, porquanto, se faz necessário que estes tenham uma formação educacional, moral, religiosa e política bastante esclarecida, erudita. O pensamento crítico deve ser gravemente trabalhado, uma vez que em nosso presente, se faz tão essencial a capacidade de discernir e refletir sobre tudo o que nos é apresentado. Alguns estudiosos do século passado diziam que homem sem instrução, é um macaco adestrado. Temos de lutar para que enquanto educando o jovem desenvolva seu pensamento político e quede-se longínquo de adequar-se ao apotegma referido.
Atualmente, a conduta de alguns jovens, tais como o desinteresse em sala de aula, condutas um pouco ao limbo da moral, da ética, e a falta de preocupação com o futuro, assim qual um pseudo amadurecimento às vicissitudes da vida, vem preocupando as expectativa de formação de cidadãos coerentes. Não obstante, há uma minoria que se opõe a essas posições, lutando pelo que deseja, mostrando que possui garra e força de vontade. Estuda, previne-se consciente da importância do amor pela vida sem deixar de ser, porém jovem.
Contudo, ainda hoje podemos observar a jovens esclarecidos que lutam pelos seus direitos, por uma sociedade justa, equilibrada, moral e ética. Recentemente, os alunos da diretoria do Grêmio Estudantil Força Jovem, da cidade de Torres, com o apoio dos alunos da escola Jorge Lacerda qual pertencem e de outras escolas, assim como da União dos Estudantes de Torres e de membros da comunidade, e órgãos como o CEPRS Sindicato, a OAB subsecção de Torres auxiliaram os alunos em uma marcha de protesto até o Ministério Público da cidade para encaminhar uma denúncia sobre a Direção da escola referida, solicitando a investigação da conduta desta que, tentou até mesmo, destituir a direção da referida agremiação e extinguir a entidade.
“A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida”. (Sêneca).
Os jovens são o futuro da nação, a educação o futuro dos jovens.


         Farias, M. S. "Jovem, o pilar do porvir". Dezembro de 2011. www.livredialogo.blogspot.com
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