sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Rio.

A vida segue sempre em frente
Como um rio seguindo seu leito
Obstáculos surgem regularmente
Contorná-los ou passar acima deles, é o jeito

Tudo que senti, tudo que vivi
A chama da esperança trago acesa
Ansioso por mais experiências que estão por vir
Quero seguir minha correnteza

O caminho não é muito extenso
Um dia chegarei no fim
''Será que consigo?'' é o que penso
Rezo pra que o caminho não acabe cedo pra mim

Cada um tem seu caminho
Ventos fortes e chuvas intensas
Haverá também espinhos
E inundações imensas

Mas se você tiver fé, conseguirá escapar
Alguma alga, alguma pedra
Estará lá pra te ajudar
''Não desistir nunca!'' é a principal regra

Rios diferentes
Desafios inigualáveis
Vitórias ardentes
Façanhas memoráveis

Explique isso para seu filho
Peça que o ouça na hora
Dele começar a inevitável aventura
E no final, diga da seguinte forma: 
''É como um rio
Serão lembranças marcantes ou esquecidas
Você não tem direito a desvios
Seja bem-vindo à vida!!''




Garcia, Samuel. "O Rio". Agosto de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pedidos...


Será que são realizados,
Em um clarão dispersado,
Ou talvez, levado por um pensamento
Para dentro de um olhar atento,
Deixa todos confusos,
Em pensarem que estão a espera,
Do tanto querido,
Às vezes, não realizados,
Pensam nos obstáculos escuros [...]
Pedem de novo,
Mas é um segredo,
Ainda não desvendado,
Dentro de um pensamento descontrolado,
Talvez programado,
Para ser impulsionado,
A ajudar os necessitados,
Neste mundo tão violento.

Morgana (M.A.R.) “Mensagem”. Agosto de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Formas de conhecimento.

Introdução
Ao recordarmos o nascimento da Filosofia, observaremos a preocupação dos primeiros filósofos em compreender o que é o mundo, por que e como as coisas existem, qual a origem da natureza e quais as causas de sua transformação. Esses questionamentos centralizavam-se na questão de “o que são as coisas?”, que com o transcorrer do tempo passou a ser formulada como “o que é o ser?”.  Estes filósofos afirmavam que a “realidade é racional e que podemos conhecê-la, pois também somos racionais; nossa razão é parte da racionalidade do mundo”.

Ao longo da história, diversas teorias e correntes de pensamento foram desenvolvidas para tentar responder a tais questionamentos, nem todos convergindo ao mesmo centro, na verdade, muitos se direcionam em sentidos opostos. O homem primitivo, como ser racional tinha seus questionamentos, a necessidade de explicação sobre os fenômenos da natureza; desprovido de qualquer ciência moderna, ele teve de criar suas contestações a partir de sua imaginação. Desta forma nasce o conhecimento mítico, que mais tarde veio a ser desacreditado pelo conhecimento filosófico e pelo científico, nem por isso ele deixa ser representativo, pois o conhecimento não é divisível, mas um caminho em busca da verdade.

As formas de conhecimento podem ser resumidas como as maneiras que o homem, ao longo de sua história, encontrou para explicar o mundo que o cerca. Neste objeto de estudos abordaremos sobre elas que, a saber, são: (1) conhecimento mítico; (2) teológico; (3) filosófico; (4) científico e (5) conhecimento empírico – também conhecido por vulgar ou do senso-comum.

***

As formas de conhecimento
Para que possamos melhor compreender as formas como o conhecimento pode ser classificado, primeiro devemos compreender o que é propriamente o conhecimento e a diferença entre pensar e conhecer.

O conhecimento é formado por hipóteses, descrições, conceitos, teorias, princípios e procedimentos, mas não se circunscreve a isso. O conhecimento é aquilo que assimilamos a partir de alguma informação, assim, podemos dizer que compõem o conhecimento o dado e a informação. Dado é um conjunto de códigos decifráveis ou não. A partir do momento que podemos interpretar os dados, por exemplo, da linguagem, geramos um processo comunicativo que nos permite acesso às informações que eles transmitem e a partir delas gerar algum conhecimento.

O conhecimento pode também ser relacionado a um processo ou a um resultado obtido da aprendizagem surgida através do acúmulo de hipóteses, teorias, conceitos etc. Acontece que todo resultado é inseparável de um processo, portanto, o conhecimento trata-se de um processo de aprender, apreender e compreender, isto é, tomar conhecimento de algo, assimilar mentalmente e entender esse algo, ou seja, ter uma ideia clara, racional.

A definição clássica de conhecimento é originada por Platão e diz que o conhecimento se baseia na crença verdadeira e justificada. Aristóteles o divide em três áreas: científica, prática e técnica.

Mas, o que é conhecer? "Conhecer é elaborar um modelo de realidade" e "projetar ordem onde havia caos" (CYRINO & PENHA, 1992, p. 13).  Para que exista conhecimento, em tal aspecto, segundo o doutor Wilson Correia, fazem-se necessários três elementos: (1º) O sujeito, que é o ser que conhece; (2º) O objeto, aquilo que o sujeito investiga para conhecer; (3º) A imagem mental em forma de opinião, ideia ou conceito que resultam da relação sujeito-objeto e que passa a habitar a subjetividade daquele que conhece. Nesse processo, o ser humano que é “pensante-sentinte-comunicante” formula pensamentos e sentimentos e os transmite por meio da linguagem – falar, escrever, gesticular etc.

Segundo Arendt¹ “a distinção entre as duas faculdades, razão e intelecto, coincide com a distinção entre as duas atividades espirituais completamente di­ferentes: pensar e conhecer; e dois interesses inteiramente distintos: o significado, no pri­meiro caso, e a cognição, no segundo”. O conhecer busca resultados certos e averiguáveis tanto no campo da ciência como do senso-comum; já o pensar não gera resultados concretos, diz respeito ao significado que procuramos naquilo que nos ocorre. De outra maneira, poderíamos dizer que conhecer é possuir uma concepção sólida sobre algo, enquanto que o pensar é uma “estrada infinda”, como por exemplo, “os porquês” que nunca acabam (Por que do por quê? Por quê?...).

Além dos conceitos platônico e aristotélico supracitados, o conhecimento pode ainda ser classificado em pelo menos cinco designações ou categorias as quais veremos a seguir.

Conhecimento empírico: Do momento em que nascemos até o momento de nossa morte passamos pelo processo de produção deste conhecimento o qual se fundamenta na experiência natural da vida. Esta forma de conhecimento, também conhecida por saber da vida, conhecimento do senso-comum ou vulgar, caracteriza-se pela não-sistematicidade, motivo pelo qual não é produzido segundo uma técnica determinada, isto é, de acordo a um modelo de descoberta. Por exemplo, ao tentar abrir a porta de sua casa, o indivíduo percebe que a fechadura está com problema e após algumas tentativas frustradas, descobre uma determinada maneira de girar a chave.

Conhecimento mítico: Como mencionado à introdução, trata-se de uma forma de conhecimento não-lógico, fantasioso, isto é, embasa-se na sensação de que existem modelos naturais e sobrenaturais donde advém o sentido de tudo o que existe; ajudando o ser humano a “esclarecer” o mundo por meio de alegoria; não é produzido através de experimentações científicas, e sim a partir da imaginação humana. Por exemplo, na mitologia grega, o comportamento do mar, isto é, se havia tempestades em alto mar, ondas fortes, escassez de peixes, ou o contrário, era resultado do temperamento de Posseidon, governador dos mares; um dos muitos deuses da mitologia grega.

Conhecimento teológico: Fundamenta-se na fé, ou seja, na adesão ou na aceitação pessoal a Deus e seus desígnios. “É a exposição sistemática que tem por objetivo um credo religioso ou uma divindade. A teologia posiciona-se num campo intelectual, enquanto que as crenças pertencem à esfera emocional”. O conhecimento teológico parte da compreensão e da aceitação de um Deus ou deuses, os quais constituem a razão de ser de todas as coisas. Eles “revelam-se” aos humanos e lhes transmitem suas verdades marcadamente incontestáveis, assim, não é necessário à razão compreendê-las, e sim aceitá-las, são leis absolutas.  O teólogo busca continuamente racionalizar a fé, que é algo de essência místico-emotiva. A Teologia cristã, de todas as existentes hoje, é a mais bem organizada, pois utilizou-se da Filosofia grega para arquitetar seu racionalismo. O auge da Teologia foi sob o título de Teologia Escolástica (corpo de doutrina racionalizado), da qual São Tomás de Aquino foi o maior representante. Por exemplo, dentro do Cristiano, Jesus Cristo e seus ensinamentos são o centro da vida, da verdade, pois é Ele “Filho Unigênito de Deus [...] Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. [...] Por ele todas as coisas foram feitas. [...]”. (Excertos do Símbolo Niceno-constantinopolitano da Santa Igreja Católica Apostólica Romana).

Conhecimento filosófico: Trata-se de um conhecimento racional, isto é, argumentado, debatido e compreendido que busca saber a índole e as conjecturas do pensamento humano, partindo de determinadas normativas de lógica do pensamento, dando sentido a discussão e viabilizando atingir-se desenlaces compreensíveis que possam ser aceitos e respeitados pelos restantes. Assenta-se na investigação, na elucubração em volta do que é real, objetivando a busca da verdade. É sistemático, porém, não é experimental; vai ao princípio do objeto, sendo produto da precisão lógica que exige a razão de um conhecimento que se pretende como verdade. É um conhecimento ativo, por que coloca o ser em busca de réplica para as questões que ele próprio é passível de formular. Por exemplo, em um debate, ambas as partes expõem seus argumentos com lógica, frutos de pesquisas e reflexões pessoais; ao término pode-se não haver um ganhador, e sim uma conclusão racional, fruto das exposições e lucubrações dos componentes que atende como resposta verdadeira, aceita e compreendida ao questionamento que originou a discussão.

Conhecimento científico: Análogo a classificação prévia, esta forma do conhecimento é também racional, gerado a partir do exame da realidade, por meio de experimentos ou por meio da averiguação da compreensão lógica de fatos, fenômenos, enfim, o que se passa na existência cósmica, humana e da natureza. É uma forma de conhecimento produzido metodicamente, que se alicerça na experimentação, validação e comprovação daquilo que se pretende a verdade. Por meio dos princípios que obtém, possibilita ao homem desenvolver ferramentas as quais lhe permite alterar a realidade para melhor ou pior. Exemplo: através do estudo do vírus H1N1 pode-se desenvolver um medicamento para combatê-lo, mas antes que este chagasse ao mercado foi testado para garantir não apenas sua eficácia contra o vírus citado como também eliminar riscos de possíveis reações nocivas ao organismo humano.

Considerações Finais
Ao longo de sua História, o ser humano preocupou-se em encontrar respostas a seus questionamentos, em explicar o mundo a sua volta. Com a evolução do pensamento humano novos conhecimentos, mais aprofundados e racionais foram se originando, invalidando muitas vezes as arcaicas teorias. Como dito à introdução, surgiram também teorias, correntes de pensamento opostos, como a velha concepção de que “religião e ciência são inimigas”, ora, temos aí duas formas de conhecimento: teológico e científico e bem vimos que, embora baseado na fé e não na razão propriamente, o conhecimento teológico escolástico, além de pregar a verdade divina, busca racionalizar a fé e o científico busca com base na razão a experimentação, comprovação e validação da verdade. Outro conceito equivocado é com relação ao conhecimento filosófico que para muito parece sem sentido, sendo não raro questionada a utilidade da Filosofia, no entanto, verdade, pensamento racional, procedimentos para conhecer fatos, aplicação prática de teorias, correção e acúmulo de saberes, muito mais que intentos da ciência – da qual o mérito nunca é questionado por apresentar sempre resultados tangíveis e práticos – são propósitos filosóficos. O que pretendo ao apresentar estas questões é demonstrar que o conhecimento é único, as divisões/classificações que lhe atribuímos existem unicamente em um ambiente acadêmico. O conhecimento não é apenas resultado de um processo, mas sim fruto da atividade intelectual que compreende todo o processo e seus resultados, é ele um meio termo entre a crença e a verdade.

O conhecimento propriamente não pode ser transmitido, o que podemos legar, são informações, através das quais o indivíduo pode gerar algum conhecimento. A leitura, por exemplo, pode acrescentar conhecimentos desde que o individuo devidamente alfabetizado seja capaz de interpretar os símbolos da linguagem (os dados) na qual o texto (a informação) está escrito assim como seu significado e a partir daí produzir algum conhecimento acerca do que trata o escrito.

Por exigência da professora, dever-se-ia, na conclusão, eleger umas das classificações do conhecimento que fosse considerada “mais importante” e argumentar sobre ela, todavia, é quase impossível dizer que determinada forma de conhecimento é mais ou menos relevante que outra, uma vez que todas elas estejam interligadas de alguma forma, pois o conhecimento em si é uno. O conhecimento cientifico necessita do filosófico para existir, o filosófico, de alguma maneira se embasa no teológico e segundo os autores Philip Gardiner e Gary Osborn em “O priorado secreto”, as crenças religiosas (compreendidas na Teologia) originam-se no conhecimento mítico e, em cada um e em todas estas formas de conhecimento citadas, está presente o conhecimento empírico. O que se pode destacar e que observa-se ao longo do estudo é que o homem é capaz de produzir variegados modelos de informação, conhecimento e saberes por que é um ser pensante, capaz de questionar, raciocinar, julgar, avaliar e através disso agir no mundo. Através das relações que ele estabelece, da vivência no mundo é capaz de construir representações desse.

Não obstante, para atender à exigência da docente elegeria o conhecimento filosófico, talvez por parecer que nele haja mais equilíbrio no uso do pensar e do conhecer. Atualmente, nosso sistema educacional trabalha predominantemente o conhecer, não somos instruídos a desenvolver o nosso pensar, mas sim a conhecer teorias, fórmulas e leis, a resolver problemas e não criá-los; há a preocupação por parte do sistema na transmissão do saber, de que adquiramos competências, mas muito pouca ou nenhuma voltada à compreensão do mundo. Os conhecimentos possuem utilidades gerais, mas são limitados com relação a atribuir significado à nossa relação com o mundo. O pensamento por outro lado, busca quase que especificamente esse significado por meio da reflexão sobre as experiências, sobre nossas ações.
Por fim, só resta reiterar que nenhum conhecimento é melhor do que o outro, mas que são complementares uns aos outros, afinal, como seres “bio-psico-socais”“pensantes-sentintes-comunicantes” precisamos deles para compreendermo-nos e viver, para prosseguir a busca da verdade que tanto ansiaram e procuraram os antigos filósofos gregos.



 1. Hannah Arendt (1906-1975) foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX.


***

Referências
Chauí, Marilena. Iniciação à Filosofia. 1ª Ed. São Paulo: Ática, 2010. 376 p.

Gardiner, Philip. Osborn, Gary. O priorado secreto: os mistérios da sociedade secreta mais poderosa do mundo finalmente revelados. -. São Paulo: Pensamento, 2008. 302 p. Tradução: Euclides Luiz Calloni, Cleusa Margô Wosgrau.

Diocese de Pelotas, 2007. Liturgia da Celebração Eucarística. 252 p.

Teologia e Teólogo: in: Benton, William. Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro; São Paulo: Encyclopedia Britannica Editores LTDA. 1964-1969; p.

Franchini, A. S. Segranfredo, Carmen. As 100 melhores histórias da mitologia: deuses, heróis, monstros e guerras da tradição Greco-romana. 9ª Ed. Porto Alegre: L&PM, 2007. 464 p.

Correia, Wilson. Os diversos tipos de conhecimento. -. 3 p.

Almeida, Vanessa Sievers de. A distinção entre conhecer e pensar em Hannah Arendt e sua relevância para a educação. 2009. 13 p.

http://ocanto.esenviseu.net/apoio/ciencia1.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento
http://monasthelos.blogspot.com.br/2010/01/pensar-e-conhecer-sobre-escritos-de.html
http://www.infoescola.com/filosofia/conhecimento-cientifico-e-cotidiano/
http://www.coladaweb.com/filosofia/conhecimento-cientifico
http://www.grupoescolar.com/pesquisa/conhecimento-filosofico.html
http://www.trabalhosescolares.net/viewtopic. php?t=1003
http://www.infoescola.com/filosofia/tipos-de-conhecimento/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Senso_comum
http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/senso-comum.htm
http://pt.shvoong.com/social-sciences/1690076-senso-comum-vs-conhecimento-cíentifico/
http://www.coladaweb.com/filosofia/conhecimento-cientifico-e-senso-comum
http://enricalombardii.blogspot.com.br/2010/08/conhecimento-mitico.html
http://paulosociofilo.blogspot.com.br/2011/05/aula-de-filosofia-conhecimento-mitico.html

Farias, M. S. "Formas de conhecimento". Agosto de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br
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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Um conto farrapo - Parte II.

No outro dia, conforme combinado, lá estava Cristovam a esperar a dama misteriosa. Exatamente às 15 horas chegou acompanhada de sua mucama a senhorita Clarice de Medeiro, para surpresa do jovem mancebo.

- Chica, vá dar uma volta, disse Clarice à mucama.

- Mas sinhazinha...

- Nada! Vá!

E voltando-se a Cristovam:

- Vejo que recebeu meu bilhete, cavalheiro!

- Por supuesto! Mas em que posso eu ajudá-la, moça? – reagiu Cristovam ainda um pouco embasbacado com tamanha surpresa.

Tomando cuidado para não pôr a nu seus sentimentos, e com o devido recato que cabia as finas damas aquela época, disse-lhe:

- Ouvi-o discursar na Praça da Sé... Fiquei um pouco curiosa em saber se o senhor é um destemido revolucionário ou um idiota que exorta contra o império.

- Ora... Se me chamou aqui para escarnecer-me me voy a lo largo! Disse Cristovam com um pouco irritado.

- Desculpe-me, não foi minha intenção, disse Clarice, na verdade me chamou atenção algumas das ideias que ouvi mais cedo – ou antes, o cavalheiro, mas isso não exporia. São verdade os boatos de que os farroupilhas pretendem tomar a cidade?

- Seu a mandou aqui? Disse Cristovam recuando alguns passos, desconfiado.

- Oh, não, por Deus! Se alguém mais souber que estive por aqui não sei o que será de mim! Meu pai nutre verdadeiro ódio pelos farroupilhas... Estou aqui movida por minha curiosidade, mas vejo ter sido um erro grave... Bom, me vou...

- Espere! - A deteve Cristovam -, O que queres saber?

- O que acontecerá se a cidade for tomada?

- Naturalmente o governo será deposto e iremos transformar Piratiny na capital democrática dos farroupilhas.

- Mas e quanto a minha família, a meu pai é um tente de dragão, o que lhes acontecerá?

- Não somos assassinos sanguinários, nossa intenção não é matar, sequer queríamos esta ímpia e injusta guerra, tudo o que queremos é nossa independência desse império decadente, todavia, não tivemos escolhas, fomos obrigados à luta. Se a guarda se render, não haverá mortos, quem desejar-se unir a causa será bem-vindo, quem não, será preso.

- E quanto às famílias dos homens da guarda que resistirem?

- Nenhum mal lhes ocorrerá.

- Temo por D. Sebastião...

- D. Clarice, veio a mim apenas por isso? Desculpe-me a ousadia, mas é pouco comum... Argumentou Cristovam com certo receio e traços de timidez, esforçando-se por não permitir ao rubor assomar-lhe às faces.

Clarice que já ruborizara pela presença a sós, e muito indecente aos costumes desse tempo, ainda mais vermelha ficou. Tímida e sem saber o que dizer, abaixou a cabeça demonstrando seu constrangimento.

- Ora... Não quis constrangê-la, escuse... Reagiu Cristovam sem jeito.

- Preciso ir agora, não deveria ter vindo... Dizendo isto, Clarice pôs-se em retirada.

- Espere senhorita! Eu não quis... Não foi minha intenção... Era tarde, Clarice e Chica já se ia há alguns metros. Cristovam qual todo aquele que se faz enamorado, se desdobrava de zelos pela amada e, vendo que ainda podia alcançar-lhe para trocar mais algumas palavras sem correr o risco de expor a ambos, saiu em disparada. Ao alcançá-las, tomou Clarice do braço. Neste instante, ficaram frente a frente, próximos, olho a olho, e os sentimentos mútuos se conversaram naquela troca rápida de olhares que a compostura tratou de pôr fim ao fazer-lhes afastarem-se.

- És louco de vires atrás de mim? – disse Clarice em tom repreensivo e um pouco apreensiva.

- Espere um instante, por favor! Na última semana deste mês, eu lhe peço pela Padroeira da cidade, fique em casa. Não saia. Tomaremos a cidade e não quero que nenhum mal lhe possa acontecer. – proferiu Cristovam angustiado, com o coração saindo-lhe pela boca.

- Vamos sinhá! – fez Chica como que arrastando Clarice que ainda estava um pouco surpresa. Sem mais nada falar, as duas foram embora, deixando o rapaz ali parado, a contemplar a beleza de Clarice iluminado pelos raios alaranjados do sol que se punha no horizonte. 


Farias, M.S. "Um conto farrapo - Parte II" Agosto de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Mensagem.

"No anoitecer o sereno desce e logo o crepúsculo aparece, tudo começa, sinto falta dos grandes amigos, penso então nas voltas que o mundo dará, quero ter equilíbrio mesmo que o mundo queira que eu caia. Então, aprendo com meus erros, pois para isso que existem os obstáculos para que aprendamos com nossas quedas, é isso que o sereno faz com todos que querem correr sobre o pasto molhado, serve como obstáculo para aqueles que estão apressados sem dar muita importância para o que está a sua volta, mas,... porém,temos que levar em conta nossa fé e força sobre as lições do passado, para não errar no futuro, pois o destino não é escrito, cada um escreve o seu, portanto da melhor forma. Lute sempre bastante para que possa vencer, somente a sabedoria nos concede este privilégio de nunca errarmos, todavia para  a possuirmos temos que aprender a observar, é observando que conseguimos um intuito para ver e saber fazer,  perfeito. Portanto  temos que acreditar que podemos vencer, e dentro de cada um de nós encontrarmos as saídas para os imprevisto da vida".

Morgana (M.A.R.) “Mensagem”. Agosto de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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domingo, 12 de agosto de 2012

Sofrimento sentimental e dor física se equiparam.

  Um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostra que a região do cérebro que responde pela dor física é a mesma que reage quando uma pessoa está envolvida em uma separação amorosa ou em um caso de rejeição. As informações são da Associated Press. "Estes resultados dão novo significado à ideia de que a rejeição 'dói'", escreveu o professor de psicologia Ethan Kross no estudo publicado na terça-feira da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

   O coautor do estudo Edward Smith, da Universidade de Columbia, explica que a pesquisa mostra que eventos psicológicos ou sociais podem afetar regiões do cérebro que os cientistas acreditavam que fossem dedicadas apenas à dor física. O estudo envolveu 40 voluntários que haviam passado por uma separação indesejada nos seis meses anteriores e que diziam que esse fato dava sensação de rejeição. 

   Na experiência, os voluntários viam fotos de seus antigos parceiros e tentavam pensar na separação. Depois, viam fotos de amigos e tentavam pensar em momentos positivos com aquelas pessoas. Também havia um aparelho posicionado em seus braços que ora produzia um calor reconfortante e ora esquentava o suficiente para causar dor. A duas situações negativas - pensar sobre a perda e o calor que queima - causaram respostas na mesma região do cérebro, de acordo com o estudo. 


Texto extraído de Neuro Curso.

sábado, 11 de agosto de 2012

Maktub!

Estava escrito que os teus olhos
não veriam os meus olhos...
que a minha alma não seria a tua gêmea,
que o teu ombro não descansaria
o meu cansaço
e a tua casa não teria portas para mim...
Estava escrito que os teus beijos
não me beijariam com ternura,
que o teu coração não poderia
ser o meu abrigo,
que a tua imagem seria sempre
esta mítica lenda
e a tua presença, apenas utopia...

Estava escrito que os meus sonhos

reais nunca seriam...
que a tua lembrança guardada ficaria
como rara jóia...
que os meus passos se apressariam
para ti
e que os rejeitariam os teus
como corpos que se repelem...
Estava escrito, enfim,
que a despeito de tudo o que sonhei
e senti e amei por ti
nossos caminhos seguiriam eternamente
como paralelas linhas:
estejam próximas ou distantes,
por curto trecho ou
longa caminhada,
jamais haverão de no espaço
se encontrar...
Maria Tereza.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Frases

"Nunca deixe um simples arranhão sangrar  os seus pensamentos".

"Não se decepcione com as pedras, que  foram postas em seu caminho, pois elas nos auxiliam a aprender e refletir sobre o assunto".

Frase de Leonardo Da Vinci:
"Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo, e nunca se arrepende".

Digo:
"O que aprendemos é a única coisa que ninguém pode tirar-nos".
"Não chore pela morte, não se assuste com os imprevistos, mas se alegre por estar vivo, pois algum dia iremos nos encontrar".


"Pense, reflita você não nasceu com asas, mas pode obtê-las e quando isso ocorrer, não pense em voar muito alto, pois assim como você nasceu sem elas, no futuro poderá perdê-las, e quanto mais alto você estiver maior serão as feridas lhe dadas".



A Vida...

"A vida é uma incógnita,
Não sabemos ouvi-la, 
Não sabemos entendê-la,
Apenas fazemos parte dela
Às vezes manda-nos embora,
Sentimos saudades
Nos deixa sofrer e pensar
Jogam uma pedra em nossa vida,
Mas não estamos prontos, caímos,
Nos iludimos,
O tempo passa, ficamos cansados e na escuridão
Não sabemos o que fazer
Oramos e mesmo assim sentimos dor 
Nos magoamos e ficamos esquecidos,
Temos paz e ao mesmo tempo destruição, 
Caminhamos rumo à felicidade e caímos novamente."
"Nunca deixe os obstáculos serem maiores do que você, seja sempre grande e forte para superar tudo, levante-se todos os dias e interrogue sua mente se fez algo de bom, também se fez algo de ruim e se isso aconteceu, conserte imediatamente".

          Morgana (M.A.R.) “Frases”. Agosto de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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Copa do Mundo X Educação.

Taylor, considerado o "pai da administração científica" viveu no início do século passado e diante das condições do operário à época, dizem alguns estudiosos de seu trabalho, que ele teria afirmado que 'o homem sem estudo é como um macaco adestrado' - Taylor nunca foi muito cuidadoso com as palavras. Verdade ou não (que esta frase lhe pertença), este apotegma expressa uma verdade. A educação em nosso país deixa a desejar em múltiplos aspectos, muitos deles por falta de recursos. O revoltante é que, para aumentar 1% que seja no orçamento da educação nossos políticos acham absurdos empecilhos, entram numa burocracia épica; em contrapartida, para autorizar verba trilionária à Copa do Mundo não houve nenhum "mau tempo". A desculpa? Que a Copa trará em turismo e afins, receita correspondente aos investimentos. Curiosamente, especula-se que por ano o turismo no Brasil renda um capital maior do que o esperado durante o evento citado. Mesmo que não rendesse, acho indeglutível tamanho investimento em algo tão fútil enquanto a educação, principal patrimônio de qualquer sociedade, sucumbe.

Durante o Império Romano havia a política "a pão e circo" para "acomodar", digamos assim, a população. Séculos desde a derrocada do Império, essa prática continua em prática pelos governos. Pois é, aqui no Brasil já temos o circo - e estamos construindo mais! Agora só falta o pão para o percentual da população que vive na miséria, sem acesso a educação ou mesmo condições dignas de subsistência.

Até quando nos deixaremos distrair? Até quando futebol terá "mais importância" que educação de verdade - pois nas escolas somos instruídos a um pensamento padronizado, pouco crítico. Muitas vezes, inseridos numa realidade artificial.

Para não deixar um tanto sem nexo a frase de Taylor, citada no introito: o objetivo do governo com tais procederes, parece ser o de criar uma população inteligente o bastante para operar máquinas e obedecer, e burra o suficiente para não pensar, não avaliar criticamente e manifestar-se.



Farias, M. S. “Copa do Mundo X Educação”. Agosto de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O guardador de rebanhos (1911-1912) - Poema XLI.


No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um movimento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram a ilusão,
Tiveram a ilusão a ilusão do que lhes agradaria...





Ah!, os sentidos, os doentes que veem e ouvem!
Fôssemos nós como deveríamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza a vida
E nem repararmos para que há sentidos...








Mas Graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma coisa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos,
E deve haver muita coisa
Para termos muito que ver e ouvir...


Pessoa, Fernando, (1888-1935). Poemas de Alberto Caeiro: obra poética II. Porto Alegre: L&PM, 2010. p. 80.
 
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