domingo, 16 de dezembro de 2018

A moça e o rio

Desenhos da Joana.
Boas tardes senhorita,
Aí sentada baixo esse velho carvalho,
Que tem estas águas negras que lhe prendem o olhar?


Têm lonjuras...
São negras as águas como é o leito do rio.
Da nascente, clara e límpida ela parte.
O caminho a faz forte, mas também a muda...


Mas as águas dos olhos seus caem cristalinas,
Sobre as faces coradas, desafiando os contornos dos lábios carmesins.
Não está aí o processo inverso?


Com efeito, brotam aos cântaros de um coração enegrecido,
Passam pela alma, leito alvo, que lhe extrai o bem.
E do mal que resta, vertem aos olhos à terra.
Essa mesma terra que faz geminar tudo quando lhe ousa entranhar.


Se assim o é, tal como as águas do rio,
Deve a alma mais forte ficar.

Na terra fenecem todas as coisas, boas e más,
Para mais tarde brotarem as belas flores – e as árvores imponentes. 


Assim também o coração, se ora enegrecido, deve nutrir-se
Para, como a terra, permitir brotar as rosas de um novo amor!



Vellar, C. M. "A moça e o rio". Novembro de 2018. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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