domingo, 29 de abril de 2012

Dois guardiões da natureza.


"Dois espíritos de luz
São de pátrias diferentes
Mas a terra é sempre a mesma
A pedir boas sementes.

Um que fala português,
Outro que fala espanhol,
Mas o idioma é um só,
A estrela dos dois é o Sol.

Quem costurou seus destinos,
Quem os fez almas irmãs
Brincarem feito meninos
No verde destas manhãs?

Com delicada paciência,
Cuidam árvores nativas
Que outros fariam fogo,
Liquidando matas vivas.

Porongos artesanais,
Frutos livres de venenos,
Brotam de seus ideais
Que tantos acham pequenos.

A moeda imediatista
Não lhes compra essa verdade:
Viver como ecologista
Numa nova sociedade.

Dona Celeste, seus olhos
São azuis de um livre céu;
Dom Paisano, deitam brisas
Nas abas de seu chapéu.

A terra onde seus pés
Sonham pulsar um viveiro
Suporta todo o revés
Pois seu sonho é verdadeiro.

Enquanto tantos desmatam,
Matam o que é natural,
Ouvem tantos que bravatam:
"compensação ambiental".

Se alimentam com a bravura
De viver enternecido,
Sorvendo a literatura
Num país tão pouco lido...

Paisano fez um Pinóquio
Todo feito de porongo,
E os dois pensam que o nariz
Cada vez fica mais longo.

Prometem rios, oceanos,
E eles querem somente
Traçar os seus verdes planos
Com paz e dignamente,
No lugar que foi Fazenda,
Que ainda chamam Rubira
E que a "Conquista da Luta"
Nem sempre é boa labuta:
Devolve pouco e mais tira!

Dona Celeste e Paisano,
Duas almas por exemplo,
Que esta Terra, sem engano,
É mais que casa - é um templo."


  Farias, Juarez Machado de. "Dois guardiões da natureza". Abril de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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   Poema escrito por Juarez Machado de Farias, em 29 de abril de 2012, após visita do autor com o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Professor Marcones Madruga Farias, em 28 de abril de 2012, ao lote rural ocupado desde 2001 pelo casal Edinson Carmelito Rodríguez (Paisano) e Celeste Joana Mosmann.
   Por proposição do Vereador Juarez Machado de Farias, os dois receberão, durante a Semana Municipal do Meio Ambiente de Piratini, o Troféu Ecológico João Modesto Madruga, por seus relevantes serviços prestados em preservação à mata nativa existente no lote rural cedido pelo INCRA, situado no 2º Distrito de Piratini, lugar denominado "Rubira" (Assentamento Conquista da Luta).
Um dos objetivos da homenagem é chamar a atenção das autoridades federais para a urgente concessão de compensação ambiental para Celeste e Paisano pois a área que lhes foi cedida pelo Programa Nacional de Reforma Agrária é, em verdade, ocupado, grandemente, por árvores nativas, logo, é inconcebível que, em tempos de tantas lutas e mecanismos e legislativos de cunho preservacionista, se incentive que se faça desmatamentos em um lugar que deve ser uma RESERVA! 

2 comentários:

  1. Que massa! "Enquanto a Noite não Chega", do Josué Guimarães, é bem legal!

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  2. Bela poesia! Traz um assunto importante que merece atenção de todos. O meio-ambiente é um patrimônio mundial que não possui partido político nem nenhuma preferência ideológica, pertence a todos nós. Sem a natureza não somos capazes de existir, precisamos aprender a respeitá-la e a preservá-la.
    Verdadeiramente digno e belo o trabalho que desenvolve o casal Celeste Mosmann e Edinson Rodriguez.

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