sexta-feira, 9 de março de 2012

"Só sei que nada sei".

     Hoje, olhando meu histórico de atividades no site "Yahoo! Respostas" eu encontrei dentre as perguntas que respondi a de um usuário que questionava a interpretação da máxima que serve de título a esta postagem. Achei interessante grafar o presente apresentando a questão e assim também minha interpretação subjetiva quanto ao apotegma "só sei que nada sei".

     O questionamento do usuário foi: "Sei que nada sei, tem certeza? [...] porque devo dizer que nada sei, não é uma limitação de minha própria determinação?" (Clique aqui para ler a pergunta na íntegra no site do "Yahoo! Respostas".)


     A frase "Só sei que nada sei" é atribuída ao filósofo grego Sócrates, um dos mais relevantes símbolos da filosofia ocidental e a figura mais notável do pensamento helênico. A técnica de Sócrates não fundamentava-se expressar princípios, todavia em formular questionamentos e avaliar as suas contestações de modo ininterrupto até lograr a verdade ou a contradição do que fora declarado. Intitulava seu método de "maiêutica", que em grego significa parto: "parto das ideias". O fundamental para este filósofo era conhecer-se a si mesmo.

     Ninguém, absolutamente ninguém, por mais que se esmere é detentor de todo o conhecimento. Existem inúmeras coisas a serem descobertas, estudadas e aprendidas tanto no passado da humanidade quanto no presente e também no futuro, pois a cada momento surge algo novo, ainda que não tenhamos conhecimento disso.
     Dizer que sabemos "tudo" é o mesmo que dizermos que conhecemos a história da humanidade de principio a fim.
     
     Estamos neste mundo para aprendermos, para evoluirmos, mas não para sermos detentores de todo o saber. Estamos sujeitos às vicissitudes. O conhecimento que temos, por "maior" que seja jamais irá ser um conhecimento total de todas as coisas, pois a sabedoria ultrapassa os nossos limites e não temos como conhecê-la em sua totalidade. Quanto mais aprendemos, mais temos para aprender. Somos todos eternos aprendizes. Nem mesmo um retrato mostra plenamente uma paisagem, uma vez que através dele só visualizamos um único ângulo: o do artista.
    
     "Conhecer-se a si mesmo" como pregava Sócrates (embora alguns especulem que esse aforismo tenha sido originalmente dito por Tales de Mileto: "Conhece-te a ti mesmo") é, ou ao menos deveria ser, nosso principal intento, por que o conhecimento pleno de nós mesmos, o domínio absoluto de nossas ações e reações, a consciência de nossos limites é a base para que possamos evolucionar, e quem sabe, praticarmos a mudança, a melhoria de nossas sociedades que tanto falamos nos últimos anos. O aprendizado e a mudança (para melhor) devem começar em cada um e em todos nós.

     "Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância." (Sócrates).

     "Um sábio é, antes de tudo, modesto." (desconheço o autor).

     E se ainda não lhe fizer sentido a afirmativa "só sei que nada sei", lembre-se de que a Filosofia, mãe de toda a ciência atual, questiona a tudo, busca sempre o porquê de todas as coisas. A Filosofia é a busca incessante pela sabedoria (Philos significa amigo, e Sophia significa sabedoria; conhecimento). A própria etimologia da palavra já sugere que o filósofo não é um detentor de todo o conhecimento, e sim um pretendente a ele.

     Farias, M. S. "Só sei que nada sei". Março de 2012. http://livredialogo.blogspot.com
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