quinta-feira, 10 de maio de 2012

Racismo é burrice.

Introdução
Ao longo da História o mundo presenciou diversas manifestações de discriminação étnica: regimes como a Apartheid, Fascismo, Época de Jim Crow e o mais terrível de todos, o Nazismo. Todas estas políticas baseadas na pseuda ideia de que uma determinada etnia, com sua cultura e traços específicos se sobrepunha as demais. Tal conceito só logra sofrimento, humilhação e iniquidades de todas as naturezas. Trata-se de um pensamento mais que medieval, absurdo, ilógico, desumano, ignorante. Nós, seres humanos somos todos iguais geneticamente, dotados das mesmas capacidades cognitivas, intelectuais, sociais e o mais. Destarde, indiferentemente da etnia, condição social, ideologias e afins merecemos respeitar e sermos respeitados. Necessitamos agir, pensar e tratar-nos como uma única espécie: a do homo sapiens, sem qualquer tipo de distinção ou preconceitos.
“Amai-vos uns aos outros, como Eu vos tenho amado.” (Cristo, Jesus).

Discriminação ao longo da História
Qual exposto à introdução deste, ao decorrer da História muitos foram os regimes que praticaram o etnocentrismo, chegando ao extremo de adotar regimes segregadores e humilhantes, baseados em um conceito tolo e falso que muitas vezes dispunha sobre uma inexistente superioridade étnica. Segue uma breve relação de tais políticas.

 * Apartheid: Instaurado em 1948, determinava a completa e constitucional segregação da África do Sul. Os africanos eram proibidos de conviver com a população caucasiana; não tinham os mesmo direitos, chegando a viver em condição de miséria e completo iletramento. O ícone célebre da luta contra este regime foi Nelson Mandela, que passou 26 anos em cárcere por lutar pela equidade. Este regime teve fim em 1994, quando Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul, destituindo completamente as leis de desigualdade social entre brancos e negros.

 * Fascismo: Corrente política que se fez na Itália, ideada por Benito Mussolini, a qual se opunha ao liberalismo, socialismo e democracias. Utilizava-se de avançadas técnicas de propaganda e censura, desenvolvendo uma inexorável união econômica, social e cultural sustentando-se no nacionalismo, muitas vezes chegando ao ponto de ser xenofóbico.

 * Era Jim Crow: Até 1965, alguns estados dos Estados Unidos da América, em especial os do Sul, adotaram um conjunto leis que denegavam a não-brancos (índios, asiáticos, negros e mesmo latino-americanos) alguns direitos, tais como: veto do casamento inter-racial, apartamento dos grupos étnicos em transportes públicos, banheiros públicos, escolas e qualquer outro serviço de caráter público. Em 1964 todas as leis de Jim Crow foram extintas pelo Supremo Tribunal.

  * Ku-Klux-Klan (KKK): denominação de um grupo de organizações racistas, originárias dos Estados Unidos que defende a supremacia branca e a religião protestante. Em sua fase mais vigorosa foi detectada, sobretudo nos estados do Sul do país citado. Ainda hoje existe, porém sofre repúdio da justiça dos EUA, que a vê como facção criminosa. São caracterizados por usarem roupa branca, com um capuz pontudo cobrindo a face e incendiarem a cruz em suas reuniões.  

  * Nazismo: Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha sofreu sanções deveras pesadas, provocando um forte sentimento de nacionalismo, o qual somado aos conceitos expostos por Houston Chamberlain em “Os fundamentos do século XIX” fez com o mito da superioridade da raça ariana se difundisse. Isso fez com que o povo alemão passasse a agir com hostilidade e aversão, xenofobia e racismo contra todos os que lhes eram diferentes, principalmente contra judeus. Adolf Hitler foi o principal ícone do Nazismo e, em seu livro “Mein Kampf” expôs seus preceitos antissemitas, racistas, e nacionalista-socialista. A leitura deste livro era obrigatória à sociedade alemã; todos os jovens deviam forçosamente participar da Juventude Hitlerista, do contrário suas famílias e os próprios podiam sofrer penalidade graves, chegando até mesmo à morte. Este regime provocou uma verdadeira chacina, sendo, quiçá, a pior de todas as nódoas da História global. Teve fim em 1945, quando as forças Aliadas venceram a Segunda Guerra Mundial.

  * Antimestiço: Esta forma de discriminação é pouco lembrada, porém, foi bastante comum, principalmente no período colonial do Brasil. Consiste na crença de que indivíduos de raça mestiça são seres inferiores aos de raça pura (negros, brancos, alemães, índios, asiáticos etc).

Luta contra o etnocentrismo
Com a evolução do pensamento humano, as manifestações em prol da igualdade de direitos os Estados passaram a considerar como crime toda e qualquer prática que seja ofensiva, exclusiva, opressiva etc, contra qualquer grupo de indivíduos (asiáticos, brancos, negros etc) e suas ideologias (religião, cultura etc). Abaixo uma breve relação de medidas adotadas por alguns países com relação ao combate a discriminação.

 * Brasil: Em sua Constituição Federal, promulgada em 1988, dispõe pena de prisão, inafiançável e imprescritível a crimes motivados pelo etnocentrismo, garantindo a todos os seus cidadãos o pleno exercício da cidadania.

  * Estados Unidos da América: Possui leis federais que punem diretamente as práticas de discriminação racial e crimes motivados por ela, tais como: “Lei da Acomodação Justa”, que pune distinção étnica referente ao aluguel, compra e venda de propriedades; “Lei do Aumento de Penas” – para crimes de ódio -, aplica-se a ataques em propriedades federais.

  * França: Para “toda distinção operada entre pessoas físicas (ou jurídicas) em razão de [...] seu pertencimento ou não-pertencimento, verdadeiro ou suposto, a uma etnia, nação, raça ou religião determinada”, a Constituição dispõe pena de reclusão de até 03 anos e multa no valor de 45 mil euros quando motivada pela negativa de prestação de bem ou serviço.

 * Portugal: Segundo seu Código Penal, em vigor desde 2007, qualquer espécie de discriminação (étnica, cultural, religiosa et coetera) é punível.

 * União Europeia: A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia dispõe dentre outros, o veto e punição a qualquer forma de discriminação.

Considerações finais
No presente objeto de estudos abordamos acerca da discriminação étnica ao longo da História, todavia, em pleno século XXI, onde a evolução em tantas áreas do conhecimento se faz tão notável, ainda há quem conserve um sentimento rústico, retrógrado e ignorante de que uma etnia, religião, estilo, cultura, convicções et coetera sobrepõem-se as demais, agindo com austeridade, violência e repúdio para com aqueles que não se enquadram nos seus preceitos.

Ainda hoje há quem acredite no pseudo conceito de que existe uma etnia superior, agindo com etnocentrismo. Em contrapartida, vários são os grupos e movimentos que lutam pelo fim da discriminação, lutando em levar a luz da maturidade, respeito e conhecimento às mentes obscuras que creem no demérito de alguém pelo simples fato de sua origem, raça ou qualquer outro aspecto afim. O rapper Gabriel o Pensador em “Racismo é burrice” faz uma crítica em prol do fim da discriminação, em especial racial: “Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano / O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar / Racismo, preconceito e discriminação em geral; / É uma burrice coletiva sem explicação / Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união / Mas demonstra claramente / Infelizmente / Preconceitos mil / De naturezas diferentes?”. Gabriel completa: “[...] o mais burro não é o racista, é o que pensa que o racismo não existe / o pior cego é aquele que não quer ver / e o racismo está dentro de você / porque o racista é um tremendo babaca que assimila o preconceito porque tem cabeça fraca / e desde cedo não para pra pensar nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar [..]”.

Todos os seres humanos são dotados de capacidade cognitiva e intelectual infinda, somos geneticamente iguais, é tolice sem precedentes distinguir as pessoas puramente por sua cor, sua religião, suas convicções e o mais. O valor de um ser humano está em seu caráter, na sua fibra moral, na sua ética, na forma como trata seu semelhante, no amor e respeito à vida e unicamente isso nos pode tornar melhores ou piores do alguém. 




Farias, M.S. "Racismo é burrice". Maio de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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Referências:
http://www.revelacaoonline.uniube.br/a2002/cultura/abolicao.html
http://movimentoracial.blogspot.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_de_Jim_Crow
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20081013134142AAx7I2y
http://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo
http://www.youtube.com/watch?v=3inZVPmKScw

4 comentários:

  1. Mateus, seu post tem completa razão. RAcismo é burrice. Por que as pessoas insistem tanto nessa pratica?
    Gostaria de publicar essa postagem no meu blog se voce permitir. Agradeço desde já. Abraços;

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    1. Desde que tu cites o texto como eu especifiquei, tudo bem, podes publicar.

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  2. Realmente James Watson deve ser bem burrinho mesmo(ganhador do prêmio nobel). Não é a toa que ninguém fala que é contra essa ideia, ele foi forçado a se aposentar depois de falar o que pensava... Aliás, a ciência deveria se basear em debates e não em monólogos e existem mais que pensam assim mas não querem estragar suas carreiras.


    "Não há nenhuma razão sólida para antecipar que as capacidades intelectuais de pessoas geograficamente separadas em sua evolução provem ter evoluído de forma idêntica" - James Watson.

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  3. Mateus, é um privilégio participar deste blog, embora ainda esteja meio perdidão. Vou precisar da tua ajuda.
    Talvez não posso ter uma participação efetiva por aqui, em virtude das minhas inúmeras atividades, mas sempre que possível estarei aqui.
    Abraço

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